A Política e os Padrões de “Justiça”

data 13 de março de 2025

Ambiente tóxico no governo

Ontem, Lula afirmou que Gleisi Hoffmann se tornou ministra devido ao fato de ser “mulher bonita”. Essa declaração não só soa questionável, mas também acendeu um intenso debate sobre o tratamento e a percepção das mulheres na política. Se a situação fosse outra, com Gleisi fora do governo e sob a presidência de um político diferente, é quase certo que ela teria reagido de forma firme, acusando a fala de misoginia e exigindo uma resposta enérgica, talvez até pedindo a prisão do autor da frase. Afinal, em circunstâncias normais, a defesa de seus direitos e a luta contra o sexismo seriam sua prioridade.

Porém, como muitas vezes o que predomina é o oportunismo e a hipocrisia, a reação da própria Gleisi foi um silêncio profundo. Nenhum sorrisinho irônico, nenhum protesto. Ao invés de confrontar diretamente a declaração e chamar atenção para o machismo disfarçado de elogio, ela optou por engolir em seco e seguir em frente. Esse silêncio revelador é um reflexo claro de como, no cenário político, as normas e expectativas podem ser distorcidas e ajustadas conforme a conveniência do momento. Essa atitude pode ser interpretada como um sinal de que, na política, questões de princípios e igualdade frequentemente ficam em segundo plano, quando se trata de manter o poder e as aparências.

A política brasileira, como tantas outras ao redor do mundo, infelizmente opera com seus próprios padrões de “justiça”. Muitas atitudes, quando provenientes de figuras de poder, acabam sendo toleradas e até ignoradas, o que reforça um ambiente onde certos comportamentos são aceitos sem questionamentos. O que deveria ser um espaço de representatividade, inclusão e respeito, por vezes, se transforma em um campo onde, em última instância, o que realmente importa não é o que é dito, mas quem o diz e qual posição ocupa. O silêncio de Gleisi, neste caso, serve como um lembrete de como o poder e suas dinâmicas podem distorcer o que seria uma verdadeira defesa dos direitos e da igualdade.

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