
Ontem, Lula afirmou que Gleisi Hoffmann se tornou ministra devido ao fato de ser “mulher bonita”. Essa declaração não só soa questionável, mas também acendeu um intenso debate sobre o tratamento e a percepção das mulheres na política. Se a situação fosse outra, com Gleisi fora do governo e sob a presidência de um político diferente, é quase certo que ela teria reagido de forma firme, acusando a fala de misoginia e exigindo uma resposta enérgica, talvez até pedindo a prisão do autor da frase. Afinal, em circunstâncias normais, a defesa de seus direitos e a luta contra o sexismo seriam sua prioridade.
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Porém, como muitas vezes o que predomina é o oportunismo e a hipocrisia, a reação da própria Gleisi foi um silêncio profundo. Nenhum sorrisinho irônico, nenhum protesto. Ao invés de confrontar diretamente a declaração e chamar atenção para o machismo disfarçado de elogio, ela optou por engolir em seco e seguir em frente. Esse silêncio revelador é um reflexo claro de como, no cenário político, as normas e expectativas podem ser distorcidas e ajustadas conforme a conveniência do momento. Essa atitude pode ser interpretada como um sinal de que, na política, questões de princípios e igualdade frequentemente ficam em segundo plano, quando se trata de manter o poder e as aparências.
A política brasileira, como tantas outras ao redor do mundo, infelizmente opera com seus próprios padrões de “justiça”. Muitas atitudes, quando provenientes de figuras de poder, acabam sendo toleradas e até ignoradas, o que reforça um ambiente onde certos comportamentos são aceitos sem questionamentos. O que deveria ser um espaço de representatividade, inclusão e respeito, por vezes, se transforma em um campo onde, em última instância, o que realmente importa não é o que é dito, mas quem o diz e qual posição ocupa. O silêncio de Gleisi, neste caso, serve como um lembrete de como o poder e suas dinâmicas podem distorcer o que seria uma verdadeira defesa dos direitos e da igualdade.