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Acusado de assédio sexual e moral, o ex-deputado Roberto Salum não resistiu à pressão e foi exonerado da direção do Procon-SC em meio ao feriado de Páscoa. A primeira denúncia, investigada pela Polícia Civil, veio à tona na quinta-feira (28), o que fez o governador Jorginho Mello (PL) adotar a medida contra o aliado. A defesa de Salum diz que ele tem “conduta ilibada”.
Ex-diretor do Procon-SC, Roberto Salum – Foto: Alesc/Divulgação/Arquivo/ND
Veja o que se sabe sobre as denúncias contra o ex-diretor do Procon-SC
Como o caso chegou à Polícia Civil
O caso chegou à Polícia Civil na quarta-feira (27). A denúncia foi registrada na Dpcami (Delegacia de Proteção à Criança, Adolescente, Mulher e Idoso) de Florianópolis, que abriu inquérito.
A vítima é funcionária de uma empresa terceirizada que presta serviço ao Procon de Santa Catarina.
A mulher de 30 anos registrou um Boletim de Ocorrência no qual acusa Salum, seu superior, de insistir para que fossem até o Centro Administrativo, sede do governo, de carona.
A mulher ainda admitiu que aceitou devido a insistência do acusado. Ao estranhar o percurso escolhido pelo acusado, a servidora perguntou e ouviu que ele precisava passar em casa, em Palhoça.
Foi lá que o “chefe” pediu um beijo e, diante da recusa, a agarrou e a beijou à força.
Revolta de funcionários e novos relatos
O episódio envolvendo a funcionária que estava há 15 dias no cargo revoltou colegas de trabalho e causou grande desconforto pelos bastidores do Centro Administrativo.
Além da denúncia por assédio sexual, à coluna Bom Dia teve acesso a pelo menos 15 relatos entregues à ouvidoria que acusam o mesmo indivíduo por condutas como abuso de autoridade, assédio moral, além de diferentes episódios de desrespeito.
Os documentos foram registrados junto a Secretaria da Indústria, do Comércio e do Serviço, na qual o Procon faz parte.
‘Humilhação’ e ‘medo’ por porte de arma de fogo
Em boa parte dos encaminhamentos enviados a Ouvidoria Geral do Estado o teor é semelhante: abuso de poder por parte do mesmo indivíduo.
Palavras como “desrespeito”, “humilhação” e “perseguição” também são frequentemente utilizadas.
Outros relatos evidenciam o “medo” dos funcionários que insistem em intimidação. Algumas denúncias revelam que o acusado porta – e expõe – arma de fogo.
O caso chegou ao conhecimento da Polícia Civil que deve abrir um outro procedimento para apurar os casos.
Mais uma denúncia por assédio sexual
A informação de uma nova vítima de assédio sexual foi confirmada pela delegada Michele Alves Correa Rebelo, diretora da Polícia Civil da Grande Florianópolis, em entrevista concedida ao Grupo ND, na sexta-feira (29).
Segundo a delegada, a Dpcami recebeu uma nova denúncia envolvendo um suposto crime de assédio sexual praticado por Roberto Salum.
A primeira vítima já foi formalmente ouvida e, nesta segunda-feira (1º), a segunda vítima será inquirida pela Polícia Civil. O acusado, no entanto, ainda não foi ouvido.
Afastamento e posterior exoneração
Com a “explosão” da denúncia na quinta-feira, a cúpula do governo de Santa Catarina debateu o tema ao longo da manhã do feriado de sexta, até comunicar oficialmente o afastamento de Roberto Salum da função.
Ao tomar conhecimento de denúncia cujo conteúdo se refere a falta de decoro no exercício da função pelo então diretor do Procon-SC, determinou o imediato afastamento do servidor e a apuração célere dos fatos. O governo do Estado não pactua com atos atentatórios a moral e aos bons costumes.
A exoneração foi formalizada no sábado (30) via Diário Oficial do Estado.
Tensão e ‘festa’ no Procon-SC por exoneração
O clima entre os funcionários do Procon-SC, desde que estourou a denúncia contra Roberto Salum, é de “festa”. Grupos do WhatsApp estiveram movimentados, basicamente, pelo sentimento de “alívio” com a saída do então diretor da função.
Relatos em que o Grupo ND teve acesso dão conta do clima de tensão que pairava sobre o órgão. Nomeado no começo de fevereiro, Roberto Salum foi denunciado via ouvidoria antes mesmo de completar um mês na direção do Procon-SC, no dia 28.
O que diz Salum, ex-diretor Procon-SC
Uma nota assinada pelo advogado Gastão da Rosa Filho menciona o histórico de Roberto Salum e fala em “conduta ilibada” na qual “nunca respondeu processo por corrupção e muito menos por conduta similar à que está sendo acusado”.
A nota revela que o advogado “prontamente” tentou “comunica à delegada que cuida do caso” e que o acusado está “à disposição para prestar esclarecimentos o mais breve possível”.
Uma coletiva de imprensa está marcada para terça-feira (2) para detalhar a defesa de Salum.