Um legado para a vida toda

data 9 de agosto de 2024
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Crédito: Hermann Image

Neste Dia dos Pais, contamos a história de Renato Balena e de Neylor Zimmermann de Carvalho. Dois pais que não conseguem imaginar suas vidas sem os garotos e têm como maior desafio reafirmar desde cedo valores importantes para a formação dos pequenos.

Renato Balena e Neylor Zimmermann de Carvalho não se conhecem, mas caso tivessem a oportunidade de trocar figurinhas sobre a paternidade, certamente concordariam em muitos pontos. O primeiro ama crianças desde a adolescência e por pouco não assustou a parceira ao afirmar, logo no início do namoro, que sonhava criar quatro filhos numa chácara. Já o segundo considerava formar uma família a atividade-fim do casamento e uma forma de levar adiante o seu legado. Para esses pais, a ideia de família está muito arraigada e ambos almejam que os filhos cresçam com valores simples e uma formação que vai além de livros e cartilhas  escolares.
Pode parecer uma tarefa fácil, mas Renato, pai de Pietro e de Martin – atualmente com 10 e sete anos, respectivamente – admite que criar filhos não é brincadeira. “A paternidade é um projeto maravilhoso, mas precisamos estar sempre atentos e ter o cuidado de não negligenciar suas necessidades. Afinal, tudo o que plantamos hoje vai se transformar em uma colheita no futuro”, diz. Por isso, investe em um modelo de educação “raiz”. A família frequenta a igreja, ama a natureza, valoriza momentos simples e aprende em conjunto sobre inteligência emocional e respeito aos mais velhos e às diferenças.
Mas apesar de receberem exatamente os mesmos ensinamentos, há uma diferença enorme de personalidade e interesses entre os irmãos. Pietro é o “nerd” da família. É mais reservado, sonha ser cientista e tem um livro lançado através de um projeto escolar. Já Martin, apesar da pouca idade, sonha ser fitness e frequentar academia. Pratica esporte, ama os animais e é apaixonado por andar a cavalo. Também é o mais falador da dupla. “Apesar de suas particularidades, eles se completam e são grandes parceiros. Quase não brigam”, comemora o pai.

Renato curte programas ao ar livre com os filhos, Martin e Pietro.

A família de Renato de fato possui uma propriedade rural repleta de animais, local que costumam visitar nas horas vagas, mas o projeto de ter quatro filhos foi abandonado. Segundo ele, ter filhos no momento atual não envolve somente aspectos monetários, mas tempo de qualidade. Além disso, dentro de dois anos eles tem planos de dar um giro de 360° na rotina. Há 15 anos, Renato planeja se aventurar em um motor home ao redor do mundo. A vida nômade deve ter início dentro de dois anos, quando ele completa 40 de idade, e traz com alguns desafios a mais para a família.
O espírito aventureiro eles já possuem – a prática de trekking e camping ao lado dos pais entra na lista de diversões favoritas –, o maior problema está no fato de o Brasil ainda não permitir o homeschooling, ou ensino doméstico. Nada que seja empecilho para a família, que já corre atrás de documentação de dupla cidadania para garantir o direito à educação das crianças enquanto se aventuram e experimentam o desprendimento. Aliás, essa palavra desde cedo faz parte do vocabulário de Renato. É como se treinasse todos os dias sua mente para isso, mas em contrapartida é taxativo ao afirmar que o maior desafio como pai com certeza será justamente o desapego quando os filhos saírem debaixo de suas asas. “O Pietro ama estudar e queremos que ele vá para o exterior no futuro. Criamos eles para isso, para o mundo, mas sei que será um momento complicado”, admite.
Enquanto isso não acontece, o trio aproveita os momentos livres brincando no parquinho, fazendo programas em família e viajando. Atividades que só foram possíveis graças à redução na carga horária de trabalho após o nascimento do primeiro filho. Dono de duas empresas na época, colocou o pé no freio por considerar uma hipocrisia desejar tanto ser pai e, quando isso finalmente aconteceu, não ter tempo de desfrutar a presença e o desenvolvimento das crianças. Afetuoso, garante que os filhos são uma bênção e que os deixará livres para serem o que quiserem no futuro. “Não me preocupo que sigam os negócios da família, desde que mantenham nossos valores e saibam lidar com esse mundo aqui fora”, declara.

Ao lado da esposa e dos pequenos Bernardo e Gustavo, Neylor tem vivido momentos com os quais sempre sonhou.

Desafios e amor multiplicados
Por si só, a paternidade transforma completamente a dinâmica e rotina familiar, mas para Neylor Zimmermann de Carvalho, os desafios vieram em dobro, com reforma na casa e um redirecionamento de carreira na mesma época em que Bernardo, hoje com seis anos de idade, se preparava para vir ao mundo. Apesar disso, se desdobrou como pode para encarnar a figura do paizão sempre presente e quando o bebê tinha somente 11 meses de vida segurou as pontas sozinho para a mulher fazer uma viagem de trabalho para o exterior.
“Quando me encantei pela Alessandra, já tinha como objetivo constituir uma família. Só não esperava que viriam tantos desafios simultaneamente”, relembra. Trabalhando na área de Tecnologia de Informação (TI), ele se viu obrigado a assumir e reerguer a imobiliária do pai, localizada em Barra Velha. Ele descreve o período como um turbilhão de emoções, mas reconhece que valeu cada segundo e hoje até comemora a forma como as coisas foram se desenhando em sua vida pessoal. Aos 45 anos, ele acredita ter escolhido o momento certo para ser pai, pois, ao mesmo tempo em que já tinha maturidade, também possuía juventude para acompanhar as peraltices típicas de crianças.
Há quase três anos, Bernardo ganhou um irmãozinho, o Gustavo. Durante a gravidez, o processo correu tranquilamente. O problema começou após o nascimento, quando o mais velho se sentiu mal por ter que dividir a atenção dos pais e seus brinquedos, mas aos poucos a questão foi sendo trabalhada e hoje os dois são grandes parceiros. Entre os programas favoritos estão idas ao parquinho, um rolê de bike e aventuras na pista de skate da Via Verde. Claro que há também espaço para os tablets, mas Neylor e Alessandra controlam o tempo de tela e o conteúdo que as crianças assistem. “A tecnologia e esses joguinhos também ajudam a estimula-los e é bom que se familiarizem desde cedo”, reforça, como um bom profissional de TI que ainda é. Além disso, sempre que podem, também organizam viagens que possam agregar em termos culturais para os pequenos, criando memórias e conhecimento simultaneamente.
Em breve, a família que hoje mora em Guaramirim também se muda definitivamente para Barra Velha a fim de Neylor se aproximar dos negócios, que hoje se estabilizaram, apesar da dura partida do patriarca e idealizador da imobiliária. “Não pensamos em ter mais filhos no momento. Ao menos não através de outra gestação. Só que não descartamos no futuro uma adoção”, reflete o casal. Mas eles vão com calma. Apesar da correria e de fazer bate volta todos os dias por enquanto, o pai faz questão de levar e buscar os filhos na escola diariamente. Também reserva um tempo diário após o expediente para brincar com as crianças e descreve a paternidade como um presente de Deus. “É como ver a nossa própria história evoluindo e se transformando. Enxergar a vida com mais entusiasmo e menos egoísmo, pois temos dois garotinhos que precisam muito de nós”, diz.
Praticante do catolicismo, Neylor participa do movimento cristão Legendários, que periodicamente promove reuniões falando, entre outros assuntos, sobre o papel do homem como pai, a falta que essa figura pode fazer na família e a necessidade de ser um líder e referência enquanto provedor. Esses encontros ocorrem como uma imersão e têm sido importantes para sua formação e para aquilo que deseja passar para as crianças. “Minha maior preocupação é que sigam sempre pelo caminho da honra e da verdade. Que não se corrompam e se tornem bons homens”, diz.
Olho: Dupla emoção: Pietro nasceu no mesmo dia em que Renato colou grau. “Foi o tempo de me graduar e voltar correndo para a maternidade para acompanhar seu nascimento”.

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