Traços da alma: a arte do retratista em capturar essências

data 23 de outubro de 2024
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Crédito: Divulgação

Elton José Marcelino se destaca ao transformar fotografias em pinturas que misturam variadas técnicas e materiais. Dosando cores e formas, o trabalho é perfeito para imortalizar momentos felizes e presentear a quem se ama. 

Já imaginou ter um retrato seu ou da sua família imortalizado em uma tela usando técnicas que mesclam o realismo e o abstrato? A essa arte, Elton José Marcelino vem se dedicando com afinco. Natural de Guaxupé/MG, ele mora desde 2011 em Joinville, mas o alcance do seu trabalho não encontra limites: precisa apenas de uma fotografia para reproduzir com destreza os rostos, corpos e emoções presentes.
Produzidas em telas de PVC, material mais resistente ao clima úmido da região se comparado às convencionais, de tecido, elas recebem materiais que variam bastante, da tinta acrílica com pincel à tinta spray. Ou até mesmo papel. Tudo pensado para criar uma maior identificação com a pessoa que encomenda a obra. “Os maiores desafios técnicos estão na proporção exata do rosto, nos traços das expressões e textura da pele”, diz ele, que é também um exímio observador.
Em entrevista exclusiva, ele conta um pouco mais sobre essa arte e apresenta obras para que o leitor entenda melhor a proposta.

Revista Nossa: Quando você descobriu seu interesse pela pintura, especialmente por retratos?
Elton Marcelino: Desde a infância. Dos nove anos em diante me descobri copiando imagens de livros da escola, principalmente de biologia, como animais, plantas e o corpo humano. Na sexta série, pintei o retrato de uma amiga e a partir dali meu interesse por desenhar figuras humanas foi crescendo. Comecei a praticar o realismo somente através de muita observação e sem cursos e técnicas, usando somente uma lapiseira e borracha escolar.

RN: Como você capta a essência de uma pessoa em um retrato?
Elton: Estou há mais de 20 anos fazendo rostos e ainda me cobro bastante para que as proporções estejam o mais próximo do real, para que ao final as pessoas se reconheçam e se surpreendam com o resultado.

RN: Quais artistas ou movimentos artísticos influenciam seu estilo?
Elton: Por ser apaixonado por arte de diversas técnicas e estilos, sempre estou conhecendo novas abordagens e influências. O realismo e o abstrato são estilos que, apesar de contrastarem entre si, utilizo em minhas obras.

RN: Qual é o processo criativo para iniciar um retrato? Há algum ritual ou método específico?
Elton: Sempre que recebo uma encomenda, automaticamente já visualizo mentalmente a foto só com as pessoas, avaliando quantas camadas de cores vou utilizar dependendo da luz e sombras. Já o fundo eu deixo por conta da espontaneidade e intuição na escolha de cores e padrões. Apesar disso, ao terminar, sempre acabo me surpreendo a cada obra com o resultado.

RN: Como você lida com expectativas e feedback dos clientes, especialmente no que se refere a capturar características físicas?
Elton: Eu sempre converso bastante com os clientes para escolher a melhor foto, seja por sentimento ou momento especial. E mesmo eles sabendo como é a fotografia, geralmente se surpreendem ao se verem retratados de outra forma, com cores vivas. Eu busco a cada obra superar as expectativas e, pelos feedbacks que recebo, acredito que sou reconhecido por isso, tanto é que 90% das encomendas chegam através de indicações ou os próprios clientes pedem um novo trabalho.

RN: Existe uma diferença entre pintar pessoas conhecidas e desconhecidas? Como isso afeta o resultado final?
Elton: Acredito que ao pintar pessoas conhecidas pode haver uma cobrança interna maior na construção da obra. Estou fazendo, por exemplo, três telas do Ayrton Senna e demorei mais tempo para iniciar o processo, pois são muitas referências visuais a serem levadas em conta.

RN: Como você equilibra realismo e expressão pessoal em seu trabalho?
Elton: Por muito tempo só fazia retratos realistas usando lápis e papel. Migrei para o abstrato utilizando de diversos materiais e técnicas até criar minha identidade artística misturando linhas e traços com cores vibrantes junto com à figura humana.

RN: Existe um retrato que você considera o mais marcante em sua carreira? Pode nos contar mais sobre ele?
Elton: O trabalho que mais me marcou foi uma encomenda para presentear um ex-catador de lixo que hoje fatura milhões com reciclagem. Ao saber da história, utilizei diversos tipos de material, como papelão, papel cartão, kraft, papel paraná, entre outros, e fiz em forma de colagem e sobreposição. Retratei a história do empresário utilizando uma foto da família.

RN: Como você vê o futuro da pintura de retratos em uma era dominada pela fotografia e mídias digitais?
Elton: Apesar de existirem cada vez mais obras digitais, onde a entrega e impressão é muito mais rápida e dinâmica, acredito que tenha público para todas as formas de expressões. Tenho recebido convites para fazer ao vivo em eventos e casamentos, e o novo projeto irá envolver os convidados, para que eles também participem da obra a ser entregue aos noivos.

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Contato: (47) 99666-5791
@galeriaeltonmarcelino

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