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Maria Irene Gerent Poffo sempre teve a alma de artista. Ainda nos tempos de escola, aprendeu a pintar telas no contraturno e realizou mais de 100 trabalhos. Também fez arte em vidros e até hoje, aos 86 anos, é a responsável pela manutenção de todas as peças decorativas do seu jardim, que volta e meia ganham uma nova demão de tinta. O hobby mais recente, no entanto, tem encantado amigos, familiares e um número cada vez maior de pessoas que descobre o seu talento: a pintura em panos de prato. Os temas são os mais variados possíveis, mas nesta época os papais noéis e temas natalinos acabam tomando a maior parte do tempo.
Disciplinada, ela segue uma rotina diária que costuma ir das oito às 11 horas e das 13h30 às 16h30. Isso também aos sábados, domingos e feriados. “Ela só dá um intervalo para preparar o próprio almoço e cuidar da casa. Assim, sente-se constantemente útil e ativa”, conta o filho, Augusto César Poffo, que divide o mesmo teto com a mãe e zela pelo seu bem-estar. “Se deixar, ela quer fazer até mesmo o serviço pesado da casa”, diverte-se contando.
O hábito de pintar panos de prato começou por volta de cinco a sete anos atrás. Irene não tem certeza porque sua memória recente volta e meia pifa, segundo palavras dela. Recentemente, também passou por um episódio de depressão e a pintura alivia os sintomas mais graves. Mesmo os tremores decorrentes da idade desaparecem como num passe de mágica quando pega tintas e pincéis. E apesar do talento, nunca fez arte na intenção de comercializar. Irene acumula milhares de panos de prato em seu guarda-roupa, mas, por ser uma artista reclusa, não gosta de participar de feiras e raramente vende seus produtos.
Natural de Jaraguá do Sul, morou fora durante um tempo por conta do emprego do falecido marido, mas retornou a Jaraguá do Sul em 1972 e desde então vive no mesmo endereço, o que a fez se tornar conhecida na região e volta e meia vender uns paninhos para as amigas e pessoas das redondezas. Há cerca de um ano, também fechou parceria com a loja Dona Hilária, que chega a vender 50 unidades por mês. Mas Irene confessa sentir certo ciúme de suas obras. É como se cada paninho fosse um filho e ela reconhece que de alguns não consegue se desfazer.
E assim o estoque vai aumentando. Alguns ainda ganham um barrado de crochê para incrementar e tudo isso foi sendo aprendido de maneira autodidata. Para transferir o desenho para o pano, usa uma folha de carbono e a casa é repleta de revistas especializadas cheias de modelos para riscar. A internet, em especial o Pinterest, também contribui para a diversidade de temas e nessa parte o filho dá uma força. Depois é só dar vazão à criatividade e colorir as figuras que, de tão lindas, muitas vezes se tornam parte da decoração de quem os compra e, claro, da própria Irene.
Pelos benefícios que trazem para a artista, o hobby sai barato, limitando-se às tintas, pincéis e os paninhos em si. Hoje as tintas também não oferecem risco para a saúde por serem atóxicas, diferente do passado, quando eram produzidas à base de chumbo. Então, Augusto segue apoiando e se orgulhando dos resultados. “É muito legal ver o reconhecimento das pessoas”, finaliza.