Durante séculos, a saúde do papa foi um tema delicado no Vaticano, raramente discutido abertamente. Como líder espiritual de 1,4 bilhão de católicos, o pontífice é visto como uma figura sagrada, tornando as conversas sobre sua condição física um tabu.
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No entanto, enquanto o Papa Francisco enfrenta uma pneumonia dupla e segue internado no hospital Gemelli, em Roma, desde 14 de fevereiro, o Vaticano adotou uma abordagem inédita: a divulgação diária de atualizações sobre seu estado de saúde.
A assessoria de imprensa da Santa Sé tem compartilhado informações detalhadas, incluindo o uso de oxigênio de alto fluxo, a necessidade de transfusões de sangue e até uma “crise respiratória prolongada semelhante à asma” em 22 de fevereiro.
“Fiquei cautelosamente impressionado”, disse Greg Erlandson, jornalista que cobre o Vaticano há décadas. Para ele, esse fluxo de informações ajuda a construir confiança na precisão dos relatos sobre a condição do papa.
John Thavis, que acompanhou três papados como correspondente, vê essa transparência como um reflexo do estilo comunicativo de Francisco, embora represente uma ruptura com a tradicional discrição do Vaticano sobre a saúde papal.
Dois médicos responsáveis pelo tratamento do pontífice revelaram, em uma entrevista coletiva em 21 de fevereiro, que foi o próprio Francisco quem determinou a publicação das atualizações diárias. Segundo Sergio Alfieri, do hospital Gemelli, a orientação do papa foi clara: “Sem reter nada”.
Uma fonte próxima ao pontífice, que preferiu não se identificar, afirmou que, nos primeiros dias de internação, o próprio Francisco participou da redação dos comunicados e incentivou os médicos a fornecerem informações mais específicas sobre sua condição e os tratamentos recebidos.
Com informações do UOL.