Santa Catarina e o novo desenho do mercado imobiliário

data 29 de maio de 2025
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Crédito: Contractor speaking on walkie-talkie with co-worker near by

No campo do urbanismo, o debate sobre mobilidade e adensamento se intensifica

O mercado imobiliário de Santa Catarina vive um momento intenso de crescimento e transformação. Em 2024, cidades como Florianópolis e Joinville registraram valorizações de 9% e mais de 15% nos preços dos imóveis, respectivamente, de acordo com o índice FipeZap. Esses números ganham ainda mais relevância quando comparados à média nacional, que ficou em 7,7%. O Estado, portanto, segue em uma trajetória de alta, especialmente nas regiões com maior dinamismo econômico e urbanização. Mas o que está por trás dessa curva ascendente?

Com taxa de desemprego abaixo de 3%, Santa Catarina vive um cenário de pleno emprego, o que alimenta a segurança financeira das famílias e estimula a aquisição de imóveis. Nesse contexto, a confiança do consumidor se traduz em demanda aquecida, especialmente nas regiões litorâneas e em cidades com alto índice de qualidade de vida. O apelo do Estado é crescente também para quem busca um lugar para investir, viver ou aproveitar temporadas, o que amplia o escopo de interesses no setor.

Mas se os números apontam para cima, o comportamento dos compradores também está mudando. A pandemia, de modo geral, provocou uma mudança de olhar sobre o morar. Mais do que metragem ou localização central, as pessoas passaram a valorizar conforto, áreas comuns bem resolvidas, opções para home office e proximidade com serviços. Ou seja, projetos que entregam uma experiência de viver mais fluida, mais adaptada às novas rotinas, têm conquistado um público disposto a pagar mais por essa sensação de bem-estar.

No campo do urbanismo, o debate sobre mobilidade e adensamento se intensifica. Cidades mais antigas, que cresceram de maneira desordenada, como Blumenau ou a capital Florianópolis, enfrentam congestionamentos e deslocamentos cada vez mais demorados. Agora, mais do que expandir, é preciso pensar no tipo de crescimento que se deseja. A solução passa por incentivar construções em regiões com infraestrutura e acesso a transporte, evitando que novos empreendimentos se espalhem por zonas sem estrutura adequada.

Previsão de instrumentos no Plano Diretor, como outorga onerosa e zonas especiais de urbanização, podem contribuir para esse redirecionamento. A verticalização planejada é outra das alternativas viáveis, especialmente para bairros que já dispõem de serviços, comércio e transporte. Por isso, a atuação conjunta entre setor público e privado ganha relevância na formulação de soluções urbanas. Cada vez mais, é esperado que os agentes do mercado participem da discussão sobre como e onde construir.

Fora dos grandes centros, novas tendências também começam a se desenhar. Cidades de médio porte no interior e no litoral têm atraído empreendimentos voltados ao turismo e à segunda moradia. Esses municípios oferecem boa infraestrutura, paisagens valorizadas e, sobretudo, a chance de desenvolver um mercado imobiliário com mais planejamento. O desafio é evitar que esses territórios repitam erros das capitais, como a ocupação desordenada e a falta de mobilidade.

Dentro desse movimento de descentralização, é interessante observar como o mercado vai se moldando ao comportamento do novo consumidor. A busca por bem-estar, praticidade e uma vida mais equilibrada leva à valorização de cidades antes vistas apenas como destinos de veraneio. Hoje, muitas dessas localidades se tornam moradia principal de profissionais em regime de trabalho remoto ou de famílias que optaram por estilos de vida mais tranquilos.

A previsão é que a demanda por moradia permaneça alta nos próximos anos. Mas o momento atual pede leitura de contexto e capacidade de antecipação. As oportunidades são muitas, mas exigem planejamento, articulação e leitura refinada das mudanças de comportamento. Mas não basta ofertar. O diferencial está em criar valor, seja em projetos que pensam a cidade, que respeitam as características locais ou que entregam soluções reais para quem vai viver ali.

O setor que se antecipa às demandas, que entende o território e que colabora na construção de soluções urbanas mais equilibradas, tende a não apenas sobreviver, mas a prosperar! Em vez de seguir uma lógica de volume a qualquer custo, Santa Catarina parece caminhar para um modelo mais inteligente: crescer onde faz sentido, com qualidade, visão urbana e atenção ao que as pessoas realmente precisam. E talvez esse seja o maior diferencial do Estado nos próximos anos: não apenas construir mais, mas construir melhor.

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