12 de fevereiro de 2021 
Noticias relacionadas
O deputado federal do MDB é desses políticos que acredita e faz política porque gosta. Calmo, discreto e persistente, mais magro, o parlamentar do MDB traz o slogan “Mais respeito por Santa Catarina” como uma oração diária e dispõem de um grande leque de serviços prestados à sociedade brasileira e catarinense. Chiodini diz ter bom trânsito no governo federal, mas faz crítica pontual e construtiva. O emedebista já teve a oportunidade de dizer ao presidente Jair Bolsonaro que o estado de Santa Catarina recebe uma fatia muito ínfima de recursos pelo montante que arrecada. Pediu providências. Sabe, contudo, que a pandemia afetou a arrecadação federal e acredita que o governo Bolsonaro terá os próximos dois anos para mostrar a que veio. Só no ano de 2020, Carlos Chiodini destinou quase R$ 20 milhões para a região Norte do estado. O montante mais expressivo foi destinado ao Vale do Itapocu, com R$ 10.233.200,00. Já o Planalto Norte recebeu mais de 5 milhões e a região de Joinville, mais de R$ 3,6 milhões. Indagado sobre o ganho de um deputado no Brasil, Carlinhos, como é conhecido entre amigos, disse que todo parlamentar no país ganha bem “se se dedicar a isso”.
A entrevista abaixo foi feita no gabinete do deputado em Jaraguá do Sul. Intimista, provocativa e questionadora, a Revista Nossa preparou esse mês de fevereiro um Carlos Chiodini como você nunca viu antes.
Revista Nossa – Deputado, você fez mais de 97 mil votos para a Câmara Federal. Afinal, todo mundo quer saber: em 2022, quando teremos eleições gerais, pretende se candidatar a um novo mandato? Só não vale dizer que é cedo para falar a respeito.
Costumo dizer que até o mandato de deputado Federal, a conquista depende dos seus predicados e méritos, adesão regional, formação de equipe, trabalho afinado com a pauta da sociedade e outros. A partir daí o funil fica muito estreito: você pode pensar em ir à majoritária (governador e vice-governador) e para o Senado que, em 2022, elegerá apenas um. Comecei a intensificar minhas viagens no estado de Santa Catarina com olhar. Vamos encurtar a resposta: tudo depende de diversos fatores.
RN – Como você consegue conviver com outros 512 deputados (cada cabeça é uma sentença) na Câmara?
A Câmara Federal reflete uma grande proporcionalidade da sociedade brasileira. Reflexo de cultura, de teologia, de pensamentos diferentes. Creio que isso seja uma grande oportunidade. Com todas essas pessoas é possível trocar experiências. O bem maior está acima de ideologias simplistas de direita ou de esquerda. Tenho me engrandecido aprendendo com os pares no parlamento.
RN – Deputado, trazendo um pouco agora para nossa política local. O prefeito de Jaraguá do Sul, Antídio Lunelli (MDB), disse com todas as letras que se os eleitores assim o quiserem, ele será candidato ao governo do Estado de SC. Você não acha que o prefeito se precipitou nisso?
Acho que não! Na política tem que se ter iniciativa, até porque ele fez um governo realizador. Tanto que foi o primeiro prefeito reeleito na História de Jaraguá do Sul com ampla vantagem. Só neste primeiro mandato foram mais de 140 km de estradas pavimentadas. Para se ter uma ideia isso levaria uma estrada de Jaraguá do Sul até Tijucas. É natural que não agrade a todos. Fez alguns enfrentamentos, mas necessários naquele momento.
RN – Como o senhor analisa a composição atual da Câmara de Vereadores do município?
Houve uma grande renovação. Isto já está sendo recorrente nas últimas legislaturas. A composição é bem eclética e poderá fazer um bom trabalho junto com o Executivo, opinando de forma construtiva.
RN – Você acha, deputado, que o partido NOVO, que elegeu dois vereadores à Casa de Leis, que ergue a bandeira do politicamente correto, pode dar trabalho para o prefeito Antídio?
O NOVO tem uma forma singular de pensar, teve adesão na região Norte de Santa Catarina, o único prefeito eleito pelo partido no Brasil foi em Santa Catarina (Adriano Silva de Joinville). Algo a ser observado, pois eles terão a faculdade de administrar e terão a oportunidade de provar se a forma de pensar deles também funciona e dá certo. Eu tenho algumas divergências, mas respeito.
RN – Você acha que toda a classe parlamentar no Brasil é bem remunerada ou é o poder aquisitivo do salário mínimo que faz parecer que todo o parlamentar ganha bem?
O parlamentar no Brasil tem uma renda excelente, principalmente se ele dedicar sua vida a isso. O trabalho do parlamentar é contínuo, ele não para. É sábado, é domingo, não tem feriado e você faz renúncias de outras oportunidades na vida. Sua vida privada se torna pública, você renuncia a outras categorias.
RN –Quais são as primeiras recordações que você tem da infância aqui em Jaraguá do Sul? Boas recordações ou más recordações?
Boas, boas. Excelentes recordações com a família. Com os amigos. Tive um filho aqui. Tive a oportunidade de ingressar na vida pública aqui. Sentimento de gratidão. Quanto à família, existem teses científicas que defendem que formamos nossa personalidade nos 36 primeiros meses de convivência familiar.
RN – E o legado que seus pais continuam deixando e deixarão para você, deputado?
Um legado de carinho e de atenção. Vou levar isso junto ao meu filho e ao meu sobrinho.
RN – Já que você mencionou o seu filho, como você descreveria o Enzo? Qual a idade dele agora?
Bem, ele está com 19 anos, estudante, tem um coração enorme, interesse por assuntos diversos, adora cultura, música, só tenho a agradecer a presença dele e o cidadão adulto que ele está se tornando.
RN – Como você descreveria sua esposa, a Joane?
Uma grande companheira, ela entende minha jornada. Ela também trabalha, tem um negócio aqui em Jaraguá do Sul, buscamos estar juntos o máximo, mas ela entende quando estou ausente. Ela tem sido uma companheira na etimologia da palavra, que divide os mesmos sonhos e que entrou na minha vida pra somar.
RN – Agora, deputado, vamos nos voltar para o espectro político novamente. Como é que o senhor avalia o governo Bolsonaro, todo ele é negacionista?
Não, eu acho que não. O governo tem diversos setores. Têm setores mais carregados ideologicamente, outros setores mais equilibrados. Já a questão negacionista é algo que não faz bem à sociedade. “Sempre acredito na máxima de Pascal (Blaise Pascal foi um matemático, escritor, físico, inventor, filósofo e teólogo católico francês) que diz que é melhor você acreditar do que não acreditar”. É importante acreditar, acreditar na Ciência, no caminho correto para que possamos vencer estes momentos difíceis que estamos vivendo. O governo (Federal) terá agora um novo momento para mostrar a que veio.
RN – Você se dá bem com a base de sustentação do governo Federal em Brasília?
Transito bem com o governo. Minhas votações têm estado em 99% com o governo. Mas é importante aqui ressaltar que não existe esse negócio de troca de cargos, por exemplo. Eu tenho uma crítica construtiva ao governo. Nosso Estado proporcionou mais de 80% dos votos (ao presidente Jair Bolsonaro) e quando falamos em arrecadação, Santa Catarina é o sexto estado que mais arrecada e quando o assunto é retorno somos o 24º ou até 26º. As nossas obras capengam. A BR 280 teve sua projeção de investimento rebaixado. SC não está sendo respeitado como não foi respeitado historicamente pelos outros ex-presidentes.
RN – Deputado, por favor, complete a frase: “Se o MDB não existisse eu estaria filiado no…”
Bá! (risos). Não sei! Essa pergunta é um pouco profunda. Vou tentar responder: sou um socialdemocrata. Não sou extremista.
RN – Um partido na qual você jamais se filiaria. Tem um partido na qual jamais mereceria sua filiação?
Sim. Eu não me alinho a partidos extremistas, reitero. Extrema-direita, extrema-esquerda, jamais!
RN – Uma liderança política que você destacaria hoje no Brasil.
Uma só? (gargalhadas).
RN – Deixamos o deputado em uma saia justa, não é?
Risos. Tenho uma simpatia aí pelo… Têm vários. Não podemos esquecer que há vidas políticas. O governo Federal uma, os estados, outras. No Congresso há outras vidas de destaques. Citaria, por exemplo, a senadora Simone Tebet (MDB), por exemplo, que é uma liderança atuante, com discurso firme, coerente. Podemos citar o governador João Dória (de São Paulo), a conquista da vacina Coronavac junto ao laboratório chinês Sinovac. Merece esse registro.
RN – Uma bandeira política, deputado?
A minha é plural, com o slogan “Mais respeito por Santa Catarina”.
RN – E nos momentos de folga, quando sobra, o que o parlamentar gosta de fazer?
Ficar com os amigos, ir viajar, ir à praia, descansar. Enfim, como todo mundo.
RN – Um livro.
Fascismo: Um Alerta (Trata-se de um livro de análise política e história sobre o fascismo da antiga Secretária de Estado dos EUA e professora universitária Madeleine Albright publicado pela primeira vez em 2018 nos EUA pela HarperCollins).
RN – Predileção por música, deputado Carlos Chiodini, do que você gosta?
Gosto de música nacional, porém sou bem eclético aos extremos.
RN – Uma culinária.
Apaixonado por carnes e frutos do mar.
RN – E para terminar, uma frase.
Sempre melhor acreditar do que não acreditar.
Biografia
Carlos Alberto Chiodini tem 38 anos e foi eleito, em 2018, deputado federal por Santa Catarina com 97.613 mil votos pelo Movimento Democrático Brasileiro (MDB). Natural de Jaraguá do Sul, Norte catarinense, é empresário e graduado em Gestão Pública. Foi diretor administrativo do Porto de São Francisco do Sul em 2007. No ano seguinte, tomou posse como deputado na Assembleia Legislativa de Santa Catarina (Alesc) primeira vez. Foi eleito deputado estadual em 2010 com 40.241, e presidiu as Comissões de Educação, Cultura e Desporto e da Agricultura e Política Rural. Em 2014, reelegeu-se com 49.233 votos. No ano seguinte, licenciou-se para assumir a Secretaria de Estado do Desenvolvimento Econômico Sustentável de Santa Catarina. Esteve na presidência do Conselho Estadual de Meio Ambiente de Santa Catarina (Consema), do Conselho Estadual de Saneamento de Santa Catarina (Conesan), foi membro dos seguintes Conselhos: do Serviço de Apoio às Micro e Pequenas Empresas de Santa Catarina (Sebrae/SC); da Fundação de Amparo à Pesquisa e Inovação do Estado de Santa Catarina (Fapesc); de Administração da Agência de Fomento de Santa Catarina (Badesc); e do Sapiens Parque. Em 2019, foi titular da Comissão de Ciencia e Tecnologia, Comunicação e Informática, e suplente na comissão de Esporte e também na comissão de Minas e Energia. Em 2020, foi eleito vice-presidente do MDB Nacional e integra a Comissão das Startups na Câmara dos Deputados.
