Nos últimos meses, o Ozempic (semaglutida) vem se tornando o “queridinho” dos famosos e influenciadores digitais na busca por um corpo mais magro e definido. Originalmente desenvolvido para diabéticos tipo 2, esse medicamento pertence à classe dos agonistas do GLP-1, um hormônio que regula a glicose no sangue e controla a saciedade. Mas ele realmente é eficaz para o emagrecimento?
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De acordo com Kutianski, professor de Educação Física e especialista em fisiologia do exercício, quando alguns profissionais indicam essa medicação com a promessa de emagrecimento, eles estão, na realidade, explorando quatro ações do produto: retardar o esvaziamento gástrico, reduzindo o apetite; atuar no hipotálamo promovendo saciedade; e melhorar a sensibilidade à insulina, ajudando no controle da glicemia. “Embora esses efeitos possam levar à perda de peso, há um custo metabólico envolvido”, alerta.
Quais são os riscos do uso indiscriminado?
Pesquisas recentes indicam que até 39% do peso perdido com a semaglutida pode vir de massa magra, ou seja, dos músculos, essenciais para um metabolismo saudável. A perda de massa muscular pode causar fraqueza, flacidez e um metabolismo mais lento, favorecendo o famoso “efeito sanfona”.
“Você perde peso na balança, mas se treinamento físico e alimentação correta, você provavelmente trocará músculo por um metabolismo mais lento. E aí, quando para com o medicamento, o corpo tenta recuperar esse peso da forma mais rápida possível: com gordura”, alerta Kutianski. Segundo um estudo da JAMA Network Open, 75% das pessoas que utilizaram Ozempic recuperaram o peso em até um ano após a interrupção do tratamento. Isso ocorre porque a medicação não altera hábitos alimentares, nem melhora a composição corporal, efeitos que só são conquistados com dieta equilibrada e prática regular de exercícios físicos.
Quem não pode usar o medicamento?
O Ozempic possui contraindicações importantes e pode ser perigoso para indivíduos com histórico de pancreatite, distúrbios gastrointestinais graves, histórico familiar de câncer medular da tireoide, além de gestantes e lactantes. Efeitos colaterais como sarcopenia, náuseas, vômitos, tontura, desmaios e até arritmias cardíacas também são relatados em estudos.
“O problema não é só o efeito colateral imediato, mas o que acontece depois que a pessoa para de usar. Se ela não mudou os hábitos, o metabolismo estará pior do que antes. É como dar um tiro no pé”, reforça Kutianski.
Existe uma solução segura para emagrecer?
Especialistas reforçam que nenhum medicamento substitui uma rotina consistente de exercícios físicos, alimentação equilibrada e sono de qualidade. “Os profissionais sérios do emagrecimento são unânimes: não há fórmula mágica para emagrecer de forma saudável e sustentável. O uso de medicamentos sem mudança de hábitos é uma bomba-relógio para o metabolismo”, conclui Kutianski.