O verão se aproxima e com ele surge a ansiedade de muitas pessoas para perder peso rapidamente e de forma fácil. No entanto, como médica com experiência em nutrologia, emagrecimento e hipertrofia, é minha responsabilidade alertar sobre os perigos das dietas da moda, que prometem resultados milagrosos em pouco tempo.
Noticias relacionadas
Em busca de uma solução rápida para emagrecer, muitos indivíduos se aventuram em dietas extremamente restritivas. Algumas são descritas como “milagrosos”, estando à disposição de todos na internet ou sugeridos por aqueles que alegam terem obtido resultados impressionantes. É importante compreender porque adotar esse tipo de comportamento pode ser prejudicial à saúde.
As dietas radicais são verdadeiras armadilhas e promessas de curto prazo. Optar por essas abordagens alimentares, em que se busca perder peso “em um estalar de dedos”, muitas vezes resulta em consequências graves para o corpo e a mente. Fora que são praticamente impossíveis de serem mantidas por muito tempo.
Não existe uma solução única que funcione para todos quando se trata de dieta e perda de peso. Cada indivíduo possui uma constituição única, com suas próprias deficiências e excessos que precisam ser levados em consideração ao desenvolver um plano alimentar. Os alimentos desempenham um papel vital nesse processo de regulagem e qualquer dieta que não leve em conta a saúde e a individualidade pode ser prejudicial.
Muitos pacientes, por mais que sejam sobrepeso ou obesos, possuem carências nutricionais importantes, uma pela falta de alimentos nutritivos no dia a dia, outra pela inflamação crônica do excesso de gordura, que leva a desabsorção de vitaminas e minerais. Restringir muitos alimentos piorará esse quadro, além de levar a estados de estresse, irritabilidade e cansaço mental, pois o cérebro é um órgão nobre que sofre sem diversos nutrientes, como as vitaminas do complexo B, por exemplo, e com níveis baixos de glicose no sangue. Além disso, a expectativa gerada pelas dietas restritivas piora estados como ansiedade e depressão.
Algumas das dietas que estão em voga e devem ser evitadas:
Dieta dos pontos: atribua pontos aos alimentos e estabeleça uma quantidade diária a ser consumida. Nessa abordagem não há exclusões, o que significa que se alguém desejar passar o dia comendo balas e refrigerantes e ainda se manter dentro do “saldo” de pontos, isso é permitido. Essa dieta é especialmente desaconselhada para aqueles que têm dificuldade em manter a disciplina.
Dieta de uma refeição por dia: essa dieta permite o consumo livre de alimentos e quantidades desejadas apenas uma vez por dia, com ingestão de água permitida nas outras horas. No entanto, essa abordagem pode levar o corpo a um estresse metabólico, já que é necessário ficar 23 horas em jejum alimentar, forçando o corpo a buscar energia na gordura ou no músculo. Além de desnecessário, isso pode resultar em um efeito rebote no peso e na alimentação. Cabe frisar que ela é diferente do jejum intermitente, em que há a alternância entre períodos de jejum e períodos onde apenas bebidas de baixas calorias podem ser ingeridas.
Dieta dos líquidos: essa dieta é extrema, pois exige o consumo rigoroso de líquidos e alimentos pastosos, resultando em uma digestão rápida. Ainda, muitos alimentos líquidos são mais calóricos que as versões sólidas, como a laranja e o suco de laranja. O suco pode perder parte das fibras que a fruta in natura contém, fibras essas que ajudam a subtrair a contagem final de carboidratos e calorias, pois o corpo gasta energia para as digerir. Esse método pode levar a um efeito rebote da fome, fazendo com que você sinta fome novamente em poucas horas após a refeição.
Perder peso pode até ser fácil. Essas dietas da moda geralmente levam a uma perda rápida principalmente de água e massa muscular. Ou seja, não levam ao emagrecimento, que consiste na perda sustentada de gordura.
Ao perdermos músculo, o metabolismo diminui consideravelmente, o organismo passa a gastar pouca energia e isso levará ao aumento da fome e ao efeito sanfona, ou seja, à recuperação do peso perdido na forma de gordura.
Quantos às dietas conhecidas como o jejum intermitente, low carb, paleolítica e cetogênica, todas visam o déficit calórico, que é comer menos do que o corpo gasta. Todas podem ter seu valor, desde que consigam ser adequadas a sua individualidade e utilizadas sabiamente. Lembrando que o processo de emagrecimento vai muito além desse déficit. É preciso associar com estratégias para aumentar o gasto energético. Eu sempre falo em consultório: se você vai comer menos, precisa comer melhor. E é aí que entra um profissional capacitado para ajustar o que e o quanto deve ser ingerido, ou seja, o equilíbrio ideal entre gorduras, carboidratos, proteínas e micro nutrientes como vitaminas e minerais, para que você emagreça sem sofrer com fome, sintomas como fraqueza ou carências nutricionais.
Em vez de buscar soluções rápidas e insustentáveis, é preciso adotar uma abordagem equilibrada e adaptada à sua rotina, com foco tanto no seu estado geral de saúde atual quanto na sua saúde a longo prazo.