Obesidade e sobrepeso: tratamentos e impactos na saúde

data 14 de julho de 2023

A obesidade e o sobrepeso são condições de saúde que afetam um número significativo de pessoas em todo o mundo, representando um problema crescente em termos de saúde pública

A obesidade e o sobrepeso são condições de saúde que afetam um número significativo de pessoas em todo o mundo, representando um problema crescente em termos de saúde pública. Conforme a Organização Mundial de Saúde, elas são caracterizadas pelo acúmulo excessivo de gordura corporal, resultando em um índice de massa corporal (IMC) elevado, que é calculado pelo peso dividido pela altura ao quadrado: pessoas com sobrepeso costumam ter IMC entre 25 e 29,99, enquanto obesos têm IMC a partir de 30.

Ambas são consideradas fatores de risco para uma série de doenças crônicas, afetam negativamente a qualidade de vida, aumentam a morbidade e a mortalidade e trazem consigo discriminação e estigmatização. Muitas pessoas acreditam que o excesso de peso é consequência apenas de comer muito, da falta de atividade física ou gula e preguiça por parte do obeso, mas não é bem assim. Hoje sabemos que vai muito além da ingestão de calorias, tanto é que a obesidade é considerada uma doença crônica pela Organização Mundial da Saúde.

De acordo com dados atualizados, estima-se que mais de dois bilhões de pessoas em todo o mundo estejam com sobrepeso ou obesas. No Brasil, aproximadamente 60% da população adulta está acima do peso e cerca de 20% é classificada como obesa. Números esses que são alarmantes. Projeções para as próximas décadas indicam um aumento contínuo nas taxas de obesidade e sobrepeso.

Os impactos dessas condições na qualidade de vida são significativos e estão associadas a uma série de problemas de saúde, como doenças cardiovasculares, doenças metabólicas, problemas articulares e distúrbios psicológicos, além de reduzir a expectativa de vida. A obesidade está intimamente relacionada com a Síndrome Metabólica, definida como um conjunto de alterações metabólicas e hormonais caracterizada por intolerância à glicose (com glicemia de jejum >= 100mg/dl), hipertensão arterial (PA sistólica >= 130 ou PA diastólica >= 85 mmHg), dislipidemia (triglicerídeos >= 150 mg/dl; HDL colesterol < 40 mg/dl em homens e < 50 mg/dl em mulheres) e acúmulo de gordura abdominal (cintura > 102 cm em homens e > 88 cm em mulheres, com variações dependendo da etnia). Alterações essas que, combinadas, estão relacionadas a uma mortalidade geral duas vezes maior e mortalidade cardiovascular três vezes maior comparada à população que não apresenta a síndrome. Além disso, a obesidade tem um impacto social e psicológico, resultando em estigma e discriminação, afetando a autoestima e a saúde mental dos indivíduos afetados.

O tratamento da obesidade e do sobrepeso envolve uma abordagem multidisciplinar que inclui mudanças de estilo de vida e de mentalidade, tratamento farmacológico e, em alguns casos, intervenções cirúrgicas, necessitando, portanto, do trabalho conjunto entre médicos, nutricionistas e até psicólogos.

A mudança de estilo de vida tem um papel fundamental no tratamento da obesidade e do sobrepeso. Inclui a adoção de uma dieta saudável e equilibrada, rica em nutrientes e com restrição calórica aliada à prática regular de atividade física. A perda de peso sustentável é alcançada quando essas mudanças são incorporadas ao dia a dia e mantidas a longo prazo. Ainda, é importante promover uma mudança de mentalidade, abordando questões emocionais e comportamentais relacionadas à alimentação e ao exercício físico.

Por ser uma doença crônica, o tratamento farmacológico deve ser considerado na obesidade. Existem opções medicamentosas disponíveis hoje que atuam de diferentes formas, como a redução do apetite, a inibição da absorção de gordura ou o aumento da sensação de saciedade. Elas devem sempre ser combinadas com mudanças de estilo de vida e acompanhamento médico regular. A automedicação é um risco a ser evitado, pois pode resultar em maiores taxas de efeitos adversos, em complicações de saúde e falhas terapêuticas. Somente um médico capacitado pode avaliar as condições gerais de saúde do paciente, indicar a opção medicamentosa mais adequada a ele e monitorar a eficácia e a segurança do tratamento.

Em casos de obesidade grave ou quando outros métodos de tratamento não são eficazes, a cirurgia bariátrica pode ser considerada. Ela visa reduzir o tamanho do estômago, limitando a quantidade de alimentos que podem ser consumidos. A gastroplastia tem se mostrado eficaz na perda de peso significativa e na melhoria de comorbidades como diabetes tipo 2, hipertensão arterial e apneia do sono.

É importante a conscientização e o combate ao preconceito em relação ao tratamento medicamentoso e cirúrgico. O obeso não pode ser estigmatizado ou culpado. A obesidade é uma doença complexa e multifatorial, e cada pessoa responde de forma diferente aos métodos de tratamento. O acompanhamento médico adequado é essencial, pois além de garantir a segurança e a eficácia do tratamento, fornece suporte emocional e educacional ao paciente. O tratamento da obesidade não deve ser encarado apenas como uma questão estética, mas sim como uma medida essencial para prevenir complicações graves e melhorar a qualidade de vida.

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