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Receber o diagnóstico de um membro da família com transtorno de neurodesenvolvimento é um momento que muitas famílias enfrentam com uma mistura de emoções complexas e desafios práticos. Esses transtornos – que abrangem condições como o autismo, Síndrome de Down, Transtorno do Déficit de Atenção e Hiperatividade, entre outros – não apenas impactam diretamente o indivíduo, mas também reverberam em toda a dinâmica familiar. A jornada desde a suspeita até a confirmação do diagnóstico pode ser permeada por incertezas, preocupações e uma série de questionamentos sobre o que isso significa para o futuro da pessoa e da própria família.
A família desempenha um papel de extrema importância na colaboração para um possível diagnóstico de transtorno do neurodesenvolvimento. Isso se deve ao fato de que os familiares estão em contato constante com a pessoa e é comum que sejam observados padrões de comportamento que fogem do senso comum.
Quando se questiona a possibilidade de algum transtorno, é comum observar que as famílias criam certas expectativas quanto ao diagnóstico e aos possíveis planos terapêuticos que envolvem esses pacientes. Sendo assim, a primeira consulta costuma ser acompanhada de muitas dúvidas e incertezas, dentre elas: como será feito o diagnóstico do meu familiar?
Após a família e o paciente serem acolhidos com empatia pelos profissionais de saúde em uma primeira consulta, inicia-se o processo de avaliação da equipe multidisciplinar através de uma estratégia terapêutica individual, adequando o tratamento às reais necessidades do paciente. A equipe poderá ser composta por diversos profissionais, dentre eles médico, psicólogo, psicopedagogo, nutricionista, fisioterapeuta, entre outros. Cada profissional poderá abordar as demandas do paciente e trabalhar para um melhor desenvolvimento.
Outro ponto relevante é a reorganização familiar diante de um diagnóstico do paciente com questões que envolvam o neurodesenvolvimento, pois são pessoas que necessitam de um olhar ainda mais cuidadoso no dia a dia. Esse fato pode ser manifestado através da criação de rotinas consistentes e da implementação de estratégias de comunicação alternativas, como jogos de imitação ou o uso de PECS (picture exchange communication system), que utiliza as trocas de figuras para indicar o que deseja. Além disso, é indispensável a criação de espaços seguros e tranquilos em casa para que o paciente se sinta confortável e protegido. Embora essa remodelação familiar possa ser desafiadora, também pode ser uma oportunidade de crescimento, resiliência e conexão mais profunda entre os membros da família.
Por fim, também devemos ressaltar a importância do profissional ao comunicar um diagnóstico desse tipo. É necessário que haja empatia, visto que é um momento de muita tensão para o paciente e seus familiares. Tal fato pode ser manifestado de simples maneiras, explicando a condição clínica de forma que seja de fácil compreensão e sanando todas as dúvidas existentes na avaliação. É essencial que o profissional de saúde saiba ter uma comunicação assertiva e acolhedora, uma vez que é portador de uma mensagem que pode proporcionar condições que melhorem significativamente a qualidade de vida do paciente.
*Dr. Hilton Clemente – Clínico Geral Campi Jaraguá do Sul/SC- CRM/SC 36581