O desenvolvimento motor infantil e o papel da fisioterapia

Entenda como ambos estão relacionados.

O desenvolvimento motor é considerado um processo sequencial, contínuo e relacionado à idade cronológica pelo qual o ser humano adquire uma enorme quantidade de habilidades, as quais progridem de movimentos simples e desorganizados para a execução de habilidades motoras altamente complexas. Sabe-se que o surgimento de movimentos e seu posterior controle ocorrem em uma direção céfalo-caudal e próximo-distal, porém esse processo não se apresenta de forma linear, o que significa dizer que cada criança é única e pode sim apresentar alterações no padrão do desenvolvimento motor. Apesar disso, costuma cumprir uma sequência ordenada e até previsível de acordo com a idade.
Diversos fatores, porém, podem colocar em risco o curso normal do desenvolvimento de uma criança. Definem-se como fatores de risco uma série de condições biológicas ou ambientais que aumentam a probabilidade de déficits no desenvolvimento neuropsicomotor da criança. Dentre as principais causas de atraso motor, encontram-se: baixo peso ao nascer; distúrbios cardiovasculares, respiratórios e neurológicos; infecções neonatais; e desnutrição. Quanto maior o número de fatores de risco atuantes, maior será a possibilidade do comprometimento do desenvolvimento.
Desenvolvimento motor atípico: crianças com desenvolvimento motor atípico, como podemos ver nos transtornos do neurodesenvolvimento como TEA, TDAH, entre outros,  ou que se apresentam com risco de atrasos, merecem atenção e ações específicas, já que os problemas de coordenação e controle do movimento poderão se prolongar até a fase adulta. Além disso, atrasos motores como marcha equina (caminhar na ponta de pé), sentar-se em W, hipotonia e alterações significativas que podemos observar nos pequeninos com TEA frequentemente se associam a prejuízos secundários de ordem psicológica e social, como baixa autoestima, isolamento, hiperatividade, entre outros, o que dificulta a socialização de crianças e o seu desempenho escolar.
A fisioterapia contribui com o desenvolvimento infantil, especialmente as atividades relacionadas à evolução da coordenação motora global, que é responsável por desempenhar as diversas habilidades motoras associadas à coordenação, equilíbrio, noção-espacial e lateralização tanto nas crianças típicas, quanto nas atípicas. Para o planejamento de uma adequada intervenção, torna-se de extrema necessidade uma avaliação criteriosa que observe a criança como um todo e seus principais comprometimentos, por isso se tornam cada vez mais importantes as intervenções multidisciplinares. Quanto mais cedo for realizada a intervenção, melhores serão os resultados alcançados na vida da criança atípica. Mesmo antes de fechar o diagnostico, a fisioterapia se torna primordial quando se observam atrasos neuro motores significativos.
Nos últimos anos, a fisioterapia tem ganhado cada vez mais ênfase no tratamento das alterações motoras, procurando o aprimoramento e aquisição de novas habilidades para proporcionar cada vez mais independência e autonomia. O planejamento fisioterapêutico precisa ser realizado conforme a necessidade individual. As técnicas mais usadas nos atendimentos são manipulação de brinquedos, jogos de encaixe, buscar ou alcançar objetos, quebra-cabeça e estímulo visual, auditivo e tátil com brinquedos, pinturas, circuitos, entre outros. Busca-se estimular no indivíduo a capacidade de controle corporal, seus movimentos e ações. E para que esse controle seja funcional, é fundamental que se utilize os estímulos corretos, ou seja, mesmo que o cérebro seja responsável por controlar todo o corpo, é importante trabalhar os elementos psicomotores de modo que estimule a facilitação da realização de determinados movimentos com leveza e precisão.

Por: Daiana Santana da Silva Mendes.

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