O desenvolvimento de fala e linguagem no TEA

Como contribuir nesse processo.

Uma das principais áreas comprometidas em uma pessoa do Espectro Autista é a comunicação e o desenvolvimento da fala. A maioria das crianças com TEA demonstram um atraso na fala e linguagem. Algumas até possuem a comunicação verbal desenvolvida, porém não a utilizam de forma funcional. Sendo assim, elas até emitem palavras, mas não as usam para transmitir uma mensagem ou estabelecer comunicação com o interlocutor presente.
Por que isso acontece? Como ajudar uma criança autista a desenvolver a fala e a comunicação? Quais estratégias usar nesse processo?

Desenvolvimento de fala típico e atípico
Vamos considerar o desenvolvimento típico: a organização da fala acontece no primeiro ano de vida graças às percepções, experiências e estímulos de linguagem que recebe. Ao mesmo tempo, a criança desenvolve e treina a parte motora da fala, emitindo sons aleatórios (balbucios). Ela passa a entender que os sons emitidos causam efeitos, trazem ação e reação. Sendo assim, aos poucos a criança seleciona os sons que irá emitir para que as respostas ao seu redor se repitam, assim como começa a relacionar sons que ouve com o meio em que vive. Dessa forma, quando a criança percebe que a emissão de determinados sons gera determinados efeitos, percebe a função da linguagem. A fala é o resultado de todo esse processo de desenvolvimento da linguagem e da compreensão de sua função. Com um ano, espera-se que as crianças falem de maneira funcional algumas palavras do seu cotidiano.
As crianças no Espectro do Autismo, por sua vez, têm dificuldade em perceber os resultados de suas ações comunicativas e, com isso, acabam tendo alterações significativas na fala. Não desenvolver a fala e linguagem faz com que a criança não consiga se expressar, informar o que deseja ou precisa, nem alcançar os objetivos propostos. Isso, é claro, prejudica ainda mais a socialização e a troca com as pessoas. Nesses casos, é muito importante que um profissional especializado seja consultado para o início de um plano de intervenção. Com isso, nosso pequeno com dificuldades na fala aprenderá a se expressar melhor e, assim, a realizar suas vontades com mais autonomia.

Como ajudar nesse processo?
É de extrema importância que a família esteja envolvida e comprometida com o processo terapêutico da criança, e que todos que convivem no mesmo ambiente e fazem parte do seu meio comunicativo auxiliem e estimulem essa comunicação, sendo o meio familiar um dos mais importantes no processo terapêutico! A família também pode ajudar a criança a se comunicar melhor de maneira mais ativa. Vamos ver algumas dicas?

Ser comunicativo
Ser comunicativo com a criança, mesmo que não haja o retorno, pode ser uma boa estratégia. Uma dica é falar com alta frequência, mas de forma simples, narrando acontecimentos, nomeando objetos, fazendo pedidos à criança, etc. Neste ponto é muito importante utilizar uma linguagem simples, para que a criança consiga relacionar as palavras ao que ela está vivenciando. O ideal é sempre usar o meio que a criança vive para contextualizar o estimulo, usar ações do cotidiano para auxiliar nessa prática. Para isso, deve-se utilizar um nível de complexidade um pouco acima da linguagem que a criança possui. O uso de gestos dentro da fala também é um meio de intensificar a recepção e emissão daquilo que está sendo apresentado, ou seja, se a criança não fala, devem-se utilizar poucas palavras por vez (uma ou duas). Dessa forma, ela consegue relacionar o som da palavra e/ou gesto ao que está sendo indicado. Se a criança já fala algumas palavras, pode-se começar a associá-las entre si ou com verbos e assim por diante.
Converse bastante com seu pequeno, tentando desenvolver sua autonomia nesse processo!

A comunicação não-verbal
Nós também nos comunicamos sem palavras. Sem nossos gestos e expressões faciais, seríamos capazes de dizer tudo o que desejamos? É muito provável que não! Assim, outra boa estratégia é estimular a comunicação não-verbal da criança, isto é, aquela comunicação que não passa pelas palavras.
Para isso, é importante não tentar adivinhar o que a criança quer, mas sim incentivá-la a mostrar o que deseja com um olhar, gesto, som, etc. Em seguida, você deve dar o resultado que ela espera, para que assim entenda que foi seu sinal (comunicação não-verbal) que gerou aquela resposta. Caso não emita sinal algum, pode ser realizado um auxílio físico, ajudando-a a fazer um gesto, como apontar. Em seguida, você deve fornecer o resultado, para que a criança relacione o gesto à consequência. Nesse sentido, também é possível criar situações que aumentem a oportunidade de comunicação! Além de todas as propostas, existem meios alternativos de dar voz às crianças que não atingiram o esperado tratando-se de fala e linguagem: Comunicação Alternativa e Aumentativa (CAA). Estabelecendo um padrão de comunicação para as crianças que querem se expressar, você pode, oferecer duas opções para que ela indique a que deseja ou entregar algo embrulhado para que precise pedir ajuda para abrir, por exemplo, utilizado as pranchas de comunicação.
O desenvolvimento de fala e linguagem, seja ele típico ou atípico, tem várias ramificações que ainda necessitam da compreensão e parceria dos responsáveis no processo.
As crianças TEA’s, sejam elas verbais ou não-verbais, precisam ser acolhidas, compreendidas e auxiliadas para estar dentro daquilo que é básico para o ser humano: a comunicação!

Fonoaudióloga Madilane Camila
CRFª 3-11527-9

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