O desafio do transporte com os novos modais

data 24 de julho de 2024
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Crédito: Hermann Image

Cada vez mais utilizados, os patinetes elétricos e scooters têm levado ao debate de adequações no trânsito para evitar acidentes. Calçadas compartilhadas, ciclofaixas e campanhas de conscientização quanto ao limite de velocidade são algumas das sugestões propostas.

Eles estão por toda parte. Em Jaraguá do Sul, os patinetes elétricos e scooters se tornaram uma febre especialmente entre o público mais jovem. Práticos e sustentáveis, esses modais oferecem inúmeras vantagens aos usuários, mas também suscitam debates no poder público sobre como organizar o trânsito em meio aos pedestres, ciclistas e demais veículos. Larissa Marcela de Araújo, de 18 anos de idade, apostou em um patinete no início do ano passado para dar conta da rotina agitada. No entanto, ela admite que em determinadas regiões o risco existe e é preciso ser cautelosa para evitar acidentes.
“Optei pelo patinete elétrico pelo fato de, na época, ser menor de idade e precisar de um meio de locomoção de qualidade para dar conta das minhas tarefas, já que trabalhava pela manhã em um local, faço Centro WEG à tarde e ainda estudava à noite. Ele me salvou e me salva até hoje”, conta. Outro ponto positivo é o fato de ser leve, dobrável e caber em qualquer lugar. A bateria, se bem cuidada, dura tempo suficiente para cumprir todo o percurso diário e Larissa afirma que ainda volta com 30% de carga para casa, garantindo uma boa autonomia.
O lado negativo, compartilhado pela maioria dos jaraguaenses que usam meios semelhantes de transporte, envolve a falta de segurança e respeito por parte dos motoristas, e a infraestrutura de ciclofaixas ainda deficitária no município.
“Em vários bairros precisamos subir em calçadas e isso acaba danificando um pouco o equipamento por conta do impacto. Os carros também não param nas faixas os motoristas nem mesmo olham para os lados na hora de fazer uma conversão ou entrar em suas residências”, reclama. A preocupação não é infundada. Nos últimos anos, a Polícia Militar registrou uma série de ocorrências envolvendo esses modais, algumas delas com feridos em estado grave.

Jonathan Reinke defende a implantação de calçadas compartilhadas.

Município está atento à questão
O diretor de trânsito, Gilmar Marietto afirma que o município vem trabalhando forte na questão da mobilidade para esses tipos de modais, sejam eles patinetes, bicicletas ou outros meios de locomoção. “Temos mais de 100 quilômetros de ciclovias e ciclofaixas implantados no município e desde o ano passado estamos trabalhando para interligar esse sistema como um todo. Assim, onde não conseguimos fazer ciclofaixas ou ciclovias, estamos fazendo calçada compartilhada”, explica.
Quanto à necessidade de criação de leis para disciplinar esses modais, ele reforça que a responsabilidade é do governo federal através do Conselho Nacional de Trânsito (Contran), órgão responsável pela regulamentação do Código Nacional de Trânsito. Porém, o Departamento Nacional de Trânsito (Denatran) entende que os patinetes elétricos têm que cumprir as regras dos “equipamentos de mobilidade autopropelidos”. Esses são veículos que têm algum tipo de motorização, além de largura e comprimento iguais ou menores que os de uma cadeira de rodas.
Os usuários só podem andar com o patinete em calçadas, ciclovias e ciclofaixas, de acordo com o Código Brasileiro de Trânsito (CTB). Nas ruas, juntamente aos carros, ônibus e motos, não é permitido, pois as chances de acontecer um acidente são altas. O veículo, seja alugado ou de propriedade do indivíduo que o utiliza, também deve seguir determinadas regras. Ele precisa que ter sinalização noturna (dianteira, traseira e lateral), indicador de velocidade e campainha. Os acessórios são formas de a pessoa ter um controle maior sobre o patinete e também de sinalizar sua presença no tráfego. Essas são regras gerais.
Outra alternativa para melhorar a segurança dos usuários é a criação de mais calçadas compartilhadas no perímetro urbano. A ideia é defendida pelo vereador Jonathan Reinke, proponente de vários projetos para a micro mobilidade – trajetos de até oito quilômetros de distância envolvendo veículos não poluentes com peso inferior a 500 quilos. Aqui entram outros meios de transporte, mas com algumas ideias já sendo postas em prática, todos saem beneficiados.
A mais recente envolve alterações no trânsito nas proximidades da Malwee. Nos horários de entrada e saída de turno, a população se via obrigada a dividir espaço com árvores, motoristas, ônibus e demais meios de transporte. Com a implantação de uma rotatória e a continuidade da ciclofaixa na região, todos saem ganhando em termos de mobilidade. “Com a simples troca de sentido de uma via e a exclusão de uma das pistas em determinado ponto, conseguimos dar continuidade à ciclofaixa sem interferir no fluxo de trânsito de veículos. Essa ligação é fundamental para todos os moradores e trabalhadores da região”, explica o parlamentar.
Ele também defende que, se não compete ao Executivo local alterar as regras e leis de trânsito, que se faça um trabalho de educação/orientação para que todos possam utilizar os espaços públicos em segurança. Melhorar a iluminação em determinados pontos é outra medida citada como importante, especialmente para mulheres e crianças.   

Respeite os limites de velocidade
É necessário lembrar que em ciclovias e ciclofaixas a velocidade máxima permitida é de 20km/h. Já nas calçadas, a velocidade máxima é de 6 km/h. Os equipamentos geralmente alcançam uma aceleração maior que essa, mas não é autorizado. O capacete ainda não se tornou um item obrigatório, mas os municípios estão discutindo essa possibilidade. De qualquer forma, o item é fundamental para proteger o indivíduo. Já para quem deseja uma proteção extra, é indicado ainda usar luvas, joelheiras e cotoveleiras.
Larissa Marcela de Araújo admite que acaba não usando essas proteções, mas reconhece a necessidade e promete providenciá-los. “Estamos muito expostos e precisamos evitar riscos desnecessários”, finaliza.

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