Laços de amor: como a adoção renasce sonhos e constrói lares

data 9 de maio de 2025

Especial Dia das Mães: De um telefonema inesperado ao amor infinito, Juciane Klemtz conta sua jornada para se tornar mãe da pequena Maria Alice

Tornar-se mãe muda tudo: o ritmo de vida, a rotina e leva à necessidade de fazer uma série de renúncias, ressignificando particularidades que não fazem mais sentido dentro dessa nova realidade. Imagine agora se ver diante desse enorme desafio de uma hora para outra – quase literalmente – por meio de uma adoção. Esse é o processo que Juciane Klemtz descreve como um misto de susto, emoção e uma conexão instantânea com Maria Alice, que desde o ano passado trouxe mais cor e amor ao universo de toda a família.

Aos 45 anos de idade, o sonho de ser mãe sempre existiu, mas foi interrompido por um quadro leve de trombofilia, que resultou em um aborto espontâneo quando ela tinha 36 anos. Após essa perda, decidiu, de comum acordo com o marido, Adriano Pires de Medeiros, entrar na fila para adoção. Inicialmente, optaram por crianças de zero a dois anos, mas, buscando acelerar o processo, ampliaram o leque para até cinco anos de idade e até mesmo a adoção de dois irmãos. A flexibilidade, no entanto, não facilitou as coisas.

“Com o passar dos anos, as esperanças e a vontade vão diminuindo. Também desisti de engravidar, mas confesso que não adoto nenhum método preventivo”, reconhece a técnica de enfermagem, que no ano passado recebeu com surpresa a ligação do Fórum informando sobre uma bebê recém-nascida que já aguardava uma nova família no abrigo. Juciane conta que havia acabado de sair do trabalho e estava na casa da mãe tomando um café quando recebeu a notícia. A futura vovó foi a primeira conselheira e incentivou a tomada de decisão, que precisava ser rápida.
Ela explica que a escolha é feita por meio de fotos e que poucas horas separam o telefonema do aceite.

Assim, no dia seguinte, sem enxoval, berço, carrinho ou mesmo um bebê conforto, Maria Alice deixou o abrigo e seguiu para seu novo lar — não sem antes passar no comércio da região para fazer algumas compras e receber presentinhos. “Quando a gente sai do abrigo, eles nos dão algumas peças de roupa e emprestam algumas coisas, mas de imediato já quisemos cuidar de toda a estrutura adequada para recebê-la”, conta a agora mãe, que afirma ter sentido uma conexão imediata com a criança.

Sobre a experiência como um todo, ela não nega que ficou em choque. Afinal, as decisões precisam ser tomadas muito depressa. Mas, com a maternidade, conheceu o sentimento mais forte que já teve em toda a sua vida. “Amor e carinho são fundamentais para quem sonha com a adoção. A gente se assusta um pouco, mas, no fim das contas, essas são as únicas coisas que importam”, emociona-se.

Na hora de entrar para a lista de adoção, alguns critérios são considerados, como a fonte de renda e se a criança terá um espaço adequado na casa, por exemplo. Juciane e o marido não fizeram exigências quanto à cor ou ao sexo do bebê e sequer tinham esperanças de conseguir adotar um recém-nascido, mas ela conta que o sonho de Adriano sempre foi ter uma menina, o que tornou o momento ainda mais comovente.

Funcionária pública concursada, ela juntou licença-maternidade, férias e licença-prêmio para se dedicar por mais tempo aos cuidados da filha, mas já se preocupa com o momento em que precisará se separar da garotinha e colocá-la em uma creche, o que está previsto para acontecer no mês de julho. “Creio que esse será o primeiro dos grandes desafios que irei enfrentar, mas será importante para ela socializar com outras crianças — e para mim, que não me vejo parada”, conta.

Atualmente, ela afirma que a rotina é tranquila. Maria Alice costuma dormir bem, começou recentemente a engatinhar e agora exige atenção em tempo integral, já que não perde uma chance de explorar cada canto da casa. A introdução alimentar tem dado certo trabalho, mas, dia após dia, os aprendizados vão surgindo de ambos os lados, e há muitos momentos de diversão que incluem passeios de carro, bons rolês no carrinho de bebê e livros com desenhos e texturas para estimular os sentidos. Isso sem mencionar as constantes visitas à vovó materna, de quem se tornou o xodozinho por ser a primeira neta menina. É lá que todos devem se reunir no dia 11 de maio para comemorar o Dia das Mães. “Somos todos muito apegados e não abro mão de estar junto de toda a família em um momento como esse”, conta, com orgulho, a mamãe de primeira viagem.

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