Ter pavor da comida faz parte da vida da jovem Macy Williams desde que ela era apenas um bebê. A jovem, de 18 anos, foi diagnosticada com uma condição rara conhecida como Transtorno Alimentar Restritivo Evitativo (ARFID, sigla em inglês), que significa que ela tem fobia de certos alimentos.
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Por 17 anos, Macy só conseguia comer pepino, mingau e custard, uma mistura de creme e gema de ovo. No entanto, desde o último ano, a jovem passou a ser alimentada apenas por sonda. Em entrevista ao The Sun, a família contou que a paciente passou um longo período no hospital, incluindo Natais e aniversários. Inclusive, um dos seus bolos de aniversário foi simbolizado por um pepino com uma vela, uma vez que ela não conseguiria comer um bolo tradicional.
Macy mora em Wrexham, cidade no País de Gales, e conta com o apoio da mãe, Terri, de 45 anos, e de sua irmã Gabby, de 29 anos. Em seu blog, a jovem oferece ajuda e conselhos para outras pessoas que também vivem com ARFID. “Ninguém escolheria viver assim, longe da família e da vida normal”, ela desabafou.
A mãe de Macy conta que quando bebê sua filha já tinha problemas para se alimentar. Quando parou de ser amamentada, a pequena não conseguia comer os alimentos sólidos. “Ela vomitava”, a mãe lembrou. Com o tempo, a menina foi ficando cada vez mais exigente e passou a comer apenas alimentos de marcas específicas. “Durante anos, ela foi considerada bem exigente com a comida, mas sempre foi mais do que isso. Ela tinha ataques de pânico e começava a vomitar mesmo quando sentia cheiro dos alimentos. Ela passou os dias de Natal e aniversários no hospital – ninguém escolheria isso”, a mãe lamentou.
Com uma dieta extremamente restritiva, Macy passou a ter outros problemas de saúde. Aos 10 anos, ela desmaiou devido a um quadro de desnutrição e foi internada no hospital. Com 14 anos, ela parou de ir à escola e teve que desistir de sua aula de dança, porque se sentia muito fraca. Na época, a menina chegou a ser diagnosticada com anorexia. “Passei anos tentando entender a fundo os meus problemas”, a jovem relatou. Durante esse período, ela enfrentou bullying no ensino médio e depressão. “A verdade é que realmente não sei o que desencadeou isso”, desabafou.
Há dois anos, Macy recebeu o diagnóstico de Arfid. “Naquela altura, eu comia apenas creme à base de plantas, mas no verão passado desmaiei com uma hemorragia no cérebro e recebi um tubo de alimentação. Agora, sinto que não há mais ‘alimentos seguros’. Não consigo colocar nada na boca. Não suporto nem o cheiro da comida; isso me deixa em pânico. Minha mãe e minha irmã me apoiam muito, mas é muito solitário. Estou presa no hospital há meses e realmente os médicos não sabem o que fazer comigo. Natais e aniversários são os piores porque focam na comida. Não consigo nem ficar na mesma sala quando minha família está comendo”, ela revelou. A jovem, também diagnosticada com autismo, vive em busca de tratamentos que possam ajudá-la. No entanto, não existem muitos serviços especializados em todo o Reino Unido, por isso, sua família está buscando alternativas no exterior.
ARFID
O Transtorno Alimentar Restritivo Evitativo é uma condição que faz com que a pessoa evite certos alimentos, tendo a ingestão restrita em termos da quantidade. Esse tipo de quadro pode ser desencadeado por uma experiência angustiante com a comida, como engasgo ou vômito, ou experiência de dor abdominal significativa. Isso pode fazer com que a pessoa desenvolva sentimentos de medo e ansiedade em relação aos alimentos ou ao comer, e levá-la a evitar certos alimentos ou texturas.
Algumas pessoas podem sentir preocupações mais gerais sobre as consequências da alimentação que consideram difíceis de expressar em palavras e, assim, acabam restringindo a sua ingestão ao que consideram alimentos “seguros”. Além disso, níveis significativos de medo ou preocupação podem levar à evitação com medo de que esse ato pode ter consequências.
Fonte: Beat eating disorder charity