Scarlet Kaitlin Wallen, de 21 anos, tinha apenas 6 quando começou a sentir os primeiros efeitos de uma condição de saúde considerada rara: o transtorno de excitação genital persistente, que provoca ‘tesão’ incontrolável e afeta consideravelmente a rotina e a qualidade de vida.
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Segundo publicado pelo jornal britânico The Sun, Wallen começou a apresentar sensação de pontadas e agulhadas na região genital ainda na infância, o que só foi diagnosticado anos mais tarde.
“Desde que me lembro, eu sentia dor. Minha vulva queimava constantemente – era como se eu estivesse naturalmente excitada, mas não queria isso”, relembra Scarlet.
O transtorno de excitação genital persistente é a excitação física na região genital, indesejada e excessiva, que provoca o aumento do fluxo sanguíneo nos órgãos genitais.
Nas mulheres, o distúrbio ainda causa o aumento das secreções vaginais, mesmo sem interesse ou desejo pelo ato sexual no momento. Segundo os especialistas, a condição afeta apenas 1% da população em todo o mundo.
A estudante de arte dos Estados Unidos deixou de frequentar as aulas e até de trabalhar porque não consegue manter uma vida sem a interferência do ‘tesão’ que ela não consegue controlar.
“Há dor nos nervos, não é desejada – e não há prazer. Tenho esperança de poder ter um relacionamento sexual sem dor durante minha vida”, diz Scarlet Wallen.
Quando era criança, Scarlet diz que se lembra de sentir como se “insetos” estivessem sobre sua pele, o que inclusive a afastou de brincar com as outras crianças.
“No meu cérebro era tipo, eu não queria sentir isso. Eu queria brincar lá fora”, completa.
Para aliviar a ardência, a estudante acabava usando produtos químicos que lhe causaram candidíase grave, mas que ela considerava “mais tolerável” que a dor provocada pelo distúrbio.
Por conta do isolamento, Scarlet desenvolveu Transtorno Obssessivo-Compulsivo (TOC) e ansiedade, o que apenas agravou seu estado de saúde. Aos 18 anos, a jovem procurou ajuda médica pois tinha o sonho de cursar normalmente a faculdade sem a influência do tesão causado pela sua condição.
“Aos 18 anos, eu tinha certeza de que meu corpo estava me atacando. Então escrevi uma carta para meus pais. Não queria contar a eles cara a cara, mas estava ficando tão ruim que não conseguia mais esconder isso deles. Escrevi que tinha uma dor constante nos nervos que nem era dor, era pior”.
Ela começou então um acompanhamento na Clínica de Medicina Sexual de San Diego, na Califórnia, para tratar o distúrbio do tesão persistente e outras disfunções sexuais causadas pelo uso de antidepressivos.
Scarlet também tinha hipersensibilidade ao toque nos nervos pélvicos e até a vagina duplicada e, por isso, foi submetida a duas cirurgias, uma em fevereiro e outra em setembro de 2023.
“Me disseram que havia uma possibilidade significativa de que eu não seja capaz de sentir qualquer tipo de excitação sexual natural novamente se tivesse tudo removido. Ainda quero ter uma relação sexual mas, atualmente, minha escolha é entre viver com o distúrbio ou ficar completamente entorpecida”, lamenta.
“Só tenho esperança de que um dia poderei viver uma vida normal” – Scarlet Kaitlin Wallen.