Muitas vezes, a dificuldade de um paciente em seguir corretamente o tratamento medicamentoso não está na falta de vontade, mas em barreiras que passam despercebidas: dificuldade de leitura, transtornos mentais, esquecimentos frequentes, falta de apoio familiar ou até limitações cognitivas.
Esses obstáculos são ainda mais comuns entre os pacientes acompanhados pelos serviços de saúde mental. Em alguns casos, mesmo com a medicação prescrita corretamente, a adesão ao tratamento não acontece — o que compromete o cuidado e a evolução clínica.
Foi pensando nisso que a equipe da Unidade Básica de Saúde do bairro Estrada Nova adotou uma estratégia simples, mas extremamente eficaz: a confecção de uma caixinha personalizada para uma paciente que não sabia ler e, por isso, não conseguia tomar os medicamentos da forma correta.
A caixinha foi montada com pacotinhos organizados por dia da semana, facilitando o uso e promovendo autonomia. Desde então, a paciente passou a aderir totalmente ao tratamento e retorna semanalmente à unidade para a reposição dos medicamentos.
“Essa ação reforça o papel fundamental das equipes de Atenção Primária à Saúde de identificar as reais necessidades dos pacientes e adaptar as estratégias de cuidado sempre que necessário. Com empatia, escuta e criatividade é possível transformar a maneira como os tratamentos são conduzidos e, mais importante, garantir que eles realmente cheguem a quem mais precisa”, explica a diretora da Atenção Primária, Milena Machado.