Grupo Gerar se destaca em resgates de alto risco

data 24 de setembro de 2024
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Formado por voluntários e sem fins lucrativos, eles tiveram presença determinante em várias ações, como as recentes chuvas no Rio Grande do Sul. Conversamos com o operador de busca e resgate, Giuliano Bagattini, e ele explica mais sobre o trabalho realizado. 

Recentemente, o Grupo Gerar se destacou ao participar dos resgastes das vítimas das enchentes no Rio Grande do Sul, mas a iniciativa formada por voluntários e sem fins lucrativos vai muito além e já alcançou os 15 anos de atuação. O Grupo Voluntário de Busca e Salvamento Gerar foi fundado no dia 18 de agosto de 2009 tendo como principal objetivo o auxílio direto aos órgãos de segurança pública e defesa civil, nacionais e internacionais, quando solicitado.
Giuliano Bagattini, operador de busca e resgate e diretor de comunicação, conta que o grupo é formado essencialmente por bombeiros, policiais militares, profissionais da saúde e resgatistas, e tem como objetivo geral dar segurança à comunidade na ocorrência de situações anormais e que envolvam riscos. É aí que entram os resgates aéreo, aquático e terrestre (busca e salvamento e resgate em estruturas colapsadas).

Registrado junto à Secretaria de Defesa Civil do município de Jaraguá do Sul, foi reconhecido de utilidade pública municipal em 2011 e de utilidade pública estadual no ano de 2014. Hoje o grupo reúne aproximadamente 20 profissionais no administrativo e 45 operacionais, entre operadores técnicos e corpo médico (dois médicos e demais enfermeiros). Todos eles passam por treinamentos mensais e simulados anuais, além de cursos internos e externos em suas áreas de atuação.
Em entrevista exclusiva, Giuliano relata que o trabalho no Rio Grande do Sul foi sem precedentes, mas estavam preparados para atuar. “De imediato, lançamos a equipe aérea como primeira resposta, a qual foi a primeira aeronave civil a chegar em auxilio nas cidades atingidas no alto do Vale do Taquari”, diz ele, ressaltando que nos demais dias outras equipes, por terra, foram atuando em diferentes regiões atingidas com operações aquáticas e terrestres.

Revista Nossa: Como é o processo de tomada de decisão durante uma operação de resgate em condições extremas?
Giuliano Bagattini: Seguimos uma cadeia de comando. No caso de Rio Grande do Sul, tínhamos autorização da Casa Civil do governo para atuar em todo o território estadual como equipe de busca e resgate. Seguimos as ordens e comandos do Centro de Comando de Incidente do Estado (governos, Defesa Civil e Corpo de Bombeiro Militar), atuando em conjunto, e eram nos passadas as missões para executar. No Gerar tudo é planejado e executado com profissionalismo. Dividimos as funções e cada equipe tem seu trabalho a executar. Alguns ficam responsáveis pelo transporte (viaturas), outros pela comunicação, alimentação, medicamentos, a parte técnica de busca com equipamentos, barcos, entre outros. Cada um faz sua parte no teatro operacional.

RN: Vocês utilizam alguma tecnologia ou equipamento específico para operar em ambientes de risco?
Giuliano: Sim. Além dos barcos, botes e viaturas, utilizamos pela primeira vez no Rio Grande do Sul o drone com câmera térmica, que auxilia na busca aérea pelo calor e mapeamento das áreas de interesse para as equipes de terra, grande recurso que agiliza o atendimento.

RN: Como é feita a colaboração com outras equipes de resgate e com órgãos governamentais durante uma operação?
Giuliano: Éramos a única equipe particular profissional atuando com os órgãos nas regiões em que trabalhamos. Tivemos total colaboração e sinergia com as equipes, já que todos os nossos operacionais são bombeiros voluntários e alguns policiais militares, acostumados a trabalhar com outras forças de segurança pública.

RN: Quais são os principais protocolos de segurança seguidos pelo grupo?
Giuliano: Todo trabalho tem um POP – Protocolo Operacional, seja de segurança pessoal, seja de procedimentos e padrões de busca e salvamento que seguem normas técnicas vigentes. Uma das funções individuais é o Oficial de Segurança (TST – Técnico de Segurança do Trabalho), que acompanha todas as equipes e pode ser um médico ou enfermeiro que, além de prestar socorro às vítimas atendidas, cuida da saúde das equipes operacionais em campo.

RN: Como vocês lidam com o estresse e a pressão emocional durante os resgates?
Giuliano: Após as missões, disponibilizamos aos operacionais envolvidos apoio psicológico para poder lidar com o estresse pós-traumático que esse nível de operação causa.

RN: Como vocês veem o papel da comunidade e dos voluntários durante as enchentes e outros desastres naturais?
Giuliano: De extremo envolvimento. É em situações de calamidade que vemos a união do ser humano em prol da vida. A comunidade se une e os voluntários são essenciais para trazer esperança e conforto nesses momentos.

RN: Quais são as expectativas do grupo para o futuro em termos de novas tecnologias e métodos de resgate?
Giuliano: O grupo é voluntário e sem fins lucrativos, por isso dependemos de doações. Conseguimos um valor por conta da visibilidade no Rio Grande do Sul que está sendo revertido em mais equipamentos para a melhora e rapidez no trabalho. Também conseguimos a ajuda de deputados e vereadores, que destinaram verba para aquisição de viatura própria que já está autorizada e logo será liberada. Entidades e ONGs também ajudaram com recursos nessa missão e agora estamos precisando comprar drone, barcos, equipamentos de sondagem e câmeras termais, todos equipamentos modernos, mas de alto valor de aquisição. Aos poucos vamos adquirindo e melhorando a qualidade e tempo de respostas nas operações.

Números do resgate no Rio Grande do Sul
Resgates aéreos, terrestres e aquáticos
Total de operacionais: 50 pessoas.
Total de pessoas salvas: 250 aéreo, mil (aquático e terrestre) e mil pessoas auxiliadas.
Viaturas: um helicóptero, 19 veículos 4×4 e dois barcos.
Despesas com a operação
Combustível para carros e barcos, pedágio e manutenção do barco: R$ 18 mil.
Combustível helicóptero: R$ 98 mil.

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