O dia 14 de abril de 2025 marcou o fim de um dos episódios mais prolongados e desafiadores da história recente da Previdência Social no Brasil. Após 235 dias de paralisação, os médicos peritos do INSS (Instituto Nacional do Seguro Social) retornaram ao trabalho, encerrando a greve mais longa já registrada na categoria. Iniciada em agosto do ano passado, a mobilização envolveu cerca de 300 profissionais — aproximadamente 10% do total de peritos em atividade no país.
A retomada dos atendimentos representa um alívio para milhares de segurados que aguardavam a realização de perícias médicas, essenciais para a concessão de benefícios por incapacidade, aposentadorias e demais auxílios relacionados à saúde e à condição laborativa.
O acordo celebrado entre o Ministério da Previdência Social e a categoria garante a reposição dos dias não trabalhados e a restituição dos salários, que haviam sido suspensos durante o movimento. Outro ponto importante foi a pacificação institucional, com a exclusão de eventuais punições administrativas aos grevistas — fator considerado essencial para a segurança funcional da categoria.
Em nota oficial, a ANMP (Associação Nacional dos Médicos Peritos) destacou que, embora o pacto não tenha contemplado todas as reivindicações, representa uma vitória significativa em termos de estabilidade jurídica e proteção funcional. “Ainda que não tenhamos conquistado todos os nossos objetivos, o pacto assinado assegura a pacificação do conflito e oferece segurança jurídica aos peritos, especialmente com a restituição dos vencimentos e a exclusão de sanções administrativas”, afirmou a entidade.
Com o fim da greve, o grande desafio agora é lidar com o represamento de demandas acumuladas ao longo de mais de sete meses. A fila de perícias, que já era extensa antes da paralisação, aumentou consideravelmente durante o período. A expectativa é de que nas próximas semanas os atendimentos entrem em ritmo acelerado para tentar reduzir esse passivo.
Para os segurados, é hora de atenção redobrada. Acompanhar os canais oficiais do INSS, manter os documentos em dia e ficar atento às novas convocações de perícia será fundamental para garantir o andamento dos seus processos.
A greve chega ao fim, mas deixa lições importantes sobre diálogo institucional, condições de trabalho e a necessidade de investimentos estruturais em um dos pilares mais sensíveis da seguridade social brasileira.
Brian da Silva
Advogado – OAB/SC 63.721
Pós-Graduando em Direito Previdenciário.
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