Fisiculturismo natural valoriza o processo sem abrir mão da saúde

data 20 de fevereiro de 2024
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Crédito: Hermann Image e divulgação

Bem recentes no Brasil, essas competições proíbem o uso de esteroides anabolizantes e outras substâncias que aceleram o desenvolvimento e performance. Em Jaraguá do Sul, Hermes Praxedes representa a modalidade e defende prática de exercícios físicos em benefício à saúde.

Apaixonado pela rotina de treinos desde a adolescência, o atleta e personal trainer, Hermes Toledo Praxedes sempre sonhou subir no palco em uma competição de fisiculturismo. No entanto, recusava-se terminantemente a fazer uso de qualquer substância que pudesse acelerar o desenvolvimento e performance, como os anabolizantes, super comuns nesse meio. “Entendo a prática de exercício físico como algo benéfico para a nossa saúde e sabemos que o efeito de esteroides a médio e longo prazo são perigosos. Estudos garantem isso mesmo com seu uso controlado”, explica ele, defendendo o posicionamento contrário e, mais recentemente, provando com a conquista de medalhas em uma competição nacional que é possível conquistar um ótimo shape aprendendo a amar o processo e, claro, a ter paciência.
Praticadas há muitos anos nos Estados Unidos, as competições de fisiculturismo natural chegaram ao país somente no ano de 2022 através da International Natural Bodybuilding Association (INBA). Mas foi pela Liga de Fisiculturismo de Atletas Naturais (LIFAN) que realizou seu sonho após participar de competição em Sorocaba no mês de dezembro em diversas categorias. Aos 58 anos de idade, Hermes concorreu em determinados momentos com candidatos bem mais jovens e trouxe resultados que enchem de orgulho todos aqueles que viram de perto seu esforço e dedicação ao longo de um ano inteirinho.

“A decisão de competir exige que a gente viva quase exclusivamente para isso”, diz, para em seguida explicar como sua rotina funcionou ao longo desse período. Enquanto boa parte dos amigos e familiares não apoiou seu sonho e questionava o motivo de “exagerar” e se privar tanto, teve ao seu lado três parceiros que foram fundamentais: a esposa, Isolde Tambosetti Praxedes; a nutricionista, Gisele Pasold de Souza; e o preparador físico, André Hirota. “Mesmo trabalhando com isso, precisamos de um treinador para nos orientar e ver o que precisa ser trabalhado em cada fase do processo, bem como mudando as estratégias sempre que necessário para chegar ao objetivo final”, diz. André mora em Itajaí e todos os dias Hermes se pesava em jejum e enviava o resultado para ele. Encontros presenciais a cada mês também eram parte da preparação.
E engana-se quem pensa que basta treinar pesado e comer direitinho. Conquistar um shape digno de palco dá trabalho. Um misto de arte com matemática. Hermes frequentava a academia duas vezes por dia, normalmente fazendo um cardio pela manhã e musculação em outro momento – que poderia ser até de madrugada. Mas nada de passar horas e horas na academia. O negócio era intensidade e bater uma marca de 350 calorias por treino. Tudo extremamente controlado, assim como a quantidade de proteína e outros nutrientes ingeridos diariamente. Caso fechasse o programa de treinamentos e a meta de calorias não tivesse sido atingida, não havia desculpas: o negócio era incluir exercícios até chegar lá.

Hermes também treinava um único grupo muscular por dia e não tinha descanso. Aos domingos, quando a academia não abria, os exercícios eram feitos ao ar livre, sempre focando nas metas de curto prazo para conquistar o objetivo final. “Não nego que pensei em desistir porque tudo isso é extremamente desgastante, mas era meu sonho e minha esposa me fez enxergar que não havia sentido nenhum em desistir após tanto esforço”, valoriza. E se em determinados momentos a preparação permitia comer 30 gramas de doce de leite como uma espécie de recarga/recompensa pós treino – desde que se comprometesse a queimar 100 calorias após a ingestão –, houve épocas em que todas as seis refeições do dia se limitaram a arroz e frango. Preparados sem sal nenhum! A dieta incluiu ainda uma dose diária de whey, creatina, glutamina e vitamina C para segurar a imunidade em dia.
A ingestão de água chegou  a impensáveis 12 litros em um único dia até baixar para 300 mililitros na data da competição. “Fazemos isso para desidratar e fazer com que a pele cole nos músculos e os retrate melhor na hora em que formos apresentar as poses para os jurados”, explica. Como resultado, Hermes foi Top 2 na Mens Phisique Master + 40 anos, Top 3 na Mens Phisique estreante, top cinco na Fisiculturismo Clássico Estreante Única, Top 2 na Fisiculturismo Clássico + 40 Master e também Top 2 na Classic + 40 Master. Concretizada no dia 10 de dezembro na cidade de Sorocaba, a conquista das medalhas foi comemorada devorando um panetone inteiro, um grande desejo que Hermes acalentou durante a preparação.

Como projeto para o futuro, ele pensa em voltar a competir, mas em 2025. Marido, pai e avô, vai tirar os próximos meses para se dedicar ao seu bem mais precioso que é a família. E também, claro, ao trabalho. Hermes divide seu tempo entre os estudantes do ensino fundamental de uma escola de Guaramirim e os alunos de personal, atividade em que atua há mais de 20 anos com foco sempre em promover qualidade de vida. “Os benefícios do exercício são inúmeros e vão muito além da estética. Tenho alunos hipertensos, com artrose, entre outros problemas e conseguimos entregar ótimos resultados. Quem não quer ser um idoso funcional e não depender dos outros? O trabalho começa agora”, incentiva e complementa: “meu foco é esse e me manter firme na luta contra os anabolizantes. É preciso respeitar o corpo e o tempo de cada um”.

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