Dualidade sobre telas

data 21 de agosto de 2024
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Crédito: César Castro

Parceria entre Sérgio Canfield e Gianella Riephoff rendeu 12 telas produzidas através de um processo colaborativo em que os artistas interferiam no trabalho iniciado pelo outro. O resultado recebeu o nome “Paradoxum” e o que era uma brincadeira rendeu artes incríveis.

Há décadas imerso no mundo artístico, Sérgio Canfield conta que a ideia de produzir um trabalho conjunto veio no decorrer de muitas conversas e, como ele mesmo diz, artista gosta de aprontar coisas diferentes. Assim, despretensiosamente, durante uma reunião entre amigos em comum, firmou parceria com Gianella Riephoff, outra apaixonada pela arte que há anos vinha explorando novas técnicas e materiais em suas obras.
Nada, no entanto, tão diferente quanto a proposta de “Paradoxum”, na qual cada artista iniciava uma tela para o outro finalizar, mantendo um padrão de medidas similar. “A proposta de compor um paradoxo (dois ocuparem o mesmo espaço ao mesmo tempo) não se refere à matéria, à física e à simbologia, mas à emoção. O artista passa emoção. Colocar num mesmo espaço as cargas emocionais de duas pessoas tão diferentes foi o grande barato desse projeto”, explica Sérgio, que complementa: “opostos se fundindo… uau, que desafio”!
O público viu o resultado final com surpresa e muita curiosidade, e o processo, iniciado em maio passado, foi exposto recentemente em Jaraguá do Sul no Bendito Casarão. “Temos estilos opostos, ele mais de preto no branco e eu de muitas cores. Isso tornou a proposta mais desafiadora e empolgante. A exposição ou projeto “Paradoxum” não foi planejada desde o início. Na realidade foi uma brincadeira para entrar no mundo ou cabeça do outro, tentar entender o modus operandi do outro”, comenta Gianella.

Com um acervo impressionante, Sérgio Canfield inovou em parceria para “Paradoxum”.

Desse modo, o tema ficou em aberto e eles simplesmente deixaram a criatividade fluir. Ela lembra que na primeira troca ficou durante dois ou três dias sentada na frente das telas observando cada movimento e tentando entender qual poderia ser a mensagem dele. Então, deixou-se levar pela emoção e entrou nas telas de cabeça e coração aberto. “É assim que costumo trabalhar, com paixão e com entrega. Tanto que quando terminava uma tela sentia a emoção aflorar e, por várias vezes, chorei copiosamente envolvida pela emoção do momento”.
Ao todo, 12 telas foram trocadas e uma de grandes dimensões foi pintada no ateliê simultaneamente, num processo que levou três dias.

Sobre a obra mais representativa
Para Gianella, esta obra (à direita) mostra bem o estilo de cada um. A figura central feita por Canfield é bem concreta. Já o entorno, com as figuras e as cores, são bem o traço dela. Criou-se uma harmonia na interpretação, enaltecendo o trabalho do outro e chegando a um resultado cheio de significado e emoção.

Lançamento de livro
Em paralelo, Sérgio Canfield também está lançando o livro “Sopa de Cabeças”, no qual revela um artista complexo e irreverente. Nele, o autor aparece provocante e nos convida a repensar nossa relação com a arte, a ciência, a morte, o amor e a vida. É uma obra que vai além das imagens. A princípio, o livro pode ser adquirido no site Mercado Livre.  

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