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A formação superior em nutrição de Polyana Souza se deveu muito mais a um desejo pessoal do que necessariamente ao sonho de atuar na área. Vivendo uma infância acima do peso, buscou auxílio para emagrecer em dietas de revistas, como a antiga Boa Forma. E que atire a primeira pedra quem nunca recorreu a métodos pouco ortodoxos para conquistar o corpo dos sonhos, especialmente em uma época em que havia poucos especialistas em atuação. Fato é que percebeu a tempo os resultados insuficientes e decidiu clinicar no intuito de ajudar pessoas de todas as idades que vinham enfrentando as mesmas questões.
“Hoje grande parte do meu público busca o emagrecimento, mas a perda de peso e o ganho de massa muscular vai além de dietas, suplementação e exercício físico. O senso comum diz que para perder peso basta fechar a boca, mas há muito mais por trás desse processo”, argumenta. Estresse e insatisfações podem gerar comportamentos e episódios compulsivos que muitas vezes precisam ser tratados em paralelo com a nutrição, com a ajuda de terapias e psicólogos. E o mais importante: personalização é a palavra chave para bons resultados e hábitos duradouros.
Fácil não é. A própria Polyana demorou a reconhecer gatilhos que atrapalhavam o seu processo. Formada desde 2007, saiu dos bancos acadêmicos diretamente para cozinhas industriais. Ao longo de oito anos, passou por quatro empresas diferentes e não conseguia se encontrar. “De início, achava que o problema estava no cardápio, mas mudei para um emprego com opções light e nada mudou. Também não era a correria e a distância de casa que me impediam de manter uma boa alimentação, porque uma de minhas experiências profissionais foi construída próxima de casa”, relembra ela, encerrando com o veredito: “estava descontente e só então fui perceber que descontava na comida a insatisfação que sentia no trabalho”.
Polyana reconhece que pensou em largar a carreira e prestar concurso público na área administrativa, mas foi incentivada por uma amiga a montar seu próprio consultório e trabalhar de uma nova maneira. “Voltei a estudar, busquei novas informações e hoje me sinto plenamente realizada”, comemora. No fundo, o “segredo” é simples, não envolve gastos exorbitantes e tem como máxima um retorno à alimentação natural: desembalar menos e descascar mais. Segundo ela, apesar de óbvio, comer o básico investindo em frutas, verduras e legumes, e tomar muita água ainda não são hábitos para milhões de brasileiros que se rendem à praticidade dos industrializados.
“Hoje o mercado oferece inúmeras opções de preparo rápido e alimentos hiper palatáveis – ricos em gordura e carboidrato refinado, que provocam a liberação de dopamina e dão aquela sensação de não conseguir parar de comer”, explica. Seguir um plano nutricional, no entanto, não significa abandonar tudo o que você gosta. Afinal, dietas restritivas levam ao efeito sanfona e o foco é criar hábitos e manter a constância. “É claro que será necessário adequar calorias e tentar encaixar determinados alimentos somente em refeições livres, mas o paciente também não pode se sentir culpado por dar algumas escapadas. Toda restrição causa compulsão”, alerta.
Com relação aos custos de ser saudável, é mito que uma dieta equilibrada exige alto investimento. Suplementos, por exemplo, são indicados mais pela praticidade que por necessidade nutricional, já que pode ser encontrado em alimentos que deveríamos comer todos os dias. Mas tudo precisa ser pensado caso a caso. “Analiso os gostos e a rotina de cada paciente. A dieta precisa ser fácil de aplicar dentro de cada realidade”, diz. O sexo e a idade da paciente e até a estatura também interferem no processo. Homens, por exemplo, tem mais facilidade para perder peso, enquanto mulheres sofrem interferências hormonais ao longo de uma vida inteira e necessitam de mais cuidados. A menopausa, por exemplo, pode travar o emagrecimento e exigir suplementação mesmo que a pessoa não faça academia. Já a altura influencia no volume de massa magra e aqui vai outra dica: não se importar somente com o peso na balança. O espelho e as roupas serão suas melhores ferramentas de comparação, assim como, as avaliações periódicas com nutricionista.
Em paralelo, Polyana indica sempre a musculação para potencializar resultados. Segundo ela, massa muscular é como uma poupança para o futuro, garantindo autonomia quando a idade começar a pesar. Aqui, assim como no processo de emagrecimento com base nutricional, é preciso colocar metas possíveis. Vale a regra do “pelo menos”. “Estipule alguns minutos do seu dia para praticar uma atividade física. Pode ser 10, 15 minutinhos para começar. Já está provado cientificamente que essa conexão mental cria o hábito até que ele se torne natural”, incentiva. O processo exige pensar a longo prazo, sem imediatismo. A recompensa vem com mais saúde e disposição, benefícios que vão muito além da estética.