Demissão completamente inesperada revela crise nos bastidores da Globo

data 16 de setembro de 2024

A aposentadoria de Ricardo Waddington, a quem Soares substituiu, foi cercada de rumores e apontada por muitos como resultado de um desgaste interno e da pressão para cortar despesas

A demissão de J.B. Oliveira, o Boninho, anunciada na última sexta-feira (13), tornou-se o evento mais simbólico de uma disputa interna pelo controle da Globo, que se desenrola desde o lançamento do projeto Uma Só Globo, em 2018. Até o momento, o principal nome a emergir dessa batalha é o jornalista Amauri Soares, aliado do presidente Paulo Marinho, que há três anos lidera a emissora, agora formada pela TV Globo, canais pagos, Globoplay e plataformas digitais, com uma receita anual de R$ 15 bilhões.

Apelidado de “Putin” por seus opositores, numa referência ao líder russo, Amauri Soares conseguiu superar diversos concorrentes nos últimos anos. A primeira grande vitória veio em 2020, quando foi nomeado diretor da TV Globo, ampliando o poder que detinha desde 2013 sobre a programação. A partir desse momento, ele passou a controlar os orçamentos das produções, reduzindo a influência da área de dramaturgia e levando à saída de Silvio de Abreu, então chefe das novelas e programas de humor.

Já em 2023, Soares foi promovido a diretor dos Estúdios Globo, assumindo as decisões não só sobre o que iria ao ar, mas também sobre a maneira e os custos dessas produções, tanto para a TV aberta quanto para o Globoplay e os canais pagos. A aposentadoria de Ricardo Waddington, a quem Soares substituiu, foi cercada de rumores e apontada por muitos como resultado de um desgaste interno e da pressão para cortar despesas.

Diferente de Waddington, outros nomes enfrentaram abertamente Soares. Um deles foi Erick Bretas, que deixou o comando do Globoplay após desentendimentos sobre a autonomia das produções. Boninho, que por muitos anos foi uma peça fundamental da área artística da Globo, também entrou em conflito com o diretor dos Estúdios Globo, especialmente após uma série de insucessos nos últimos anos, culminando no cancelamento do programa Estrela da Casa.

A demissão de Boninho, que por décadas foi sinônimo do sucesso do Big Brother Brasil, um dos programas mais lucrativos da Globo, com faturamento anual de R$ 1,2 bilhão, foi uma decisão ousada de Soares. Caso o BBB 25 fracasse, a responsabilidade recairá sobre o atual diretor, que já enfrenta críticas por decisões controversas, como a substituição de jornalistas por influenciadores no Carnaval.

Nos bastidores, comenta-se que Amauri Soares age com o apoio direto de Paulo Marinho, presidente da empresa. Marinho, que também está envolvido na estratégia de cortes, permitiu a demissão de outros nomes importantes, como Raoni Carneiro, que liderava o gênero musical na emissora. O nome de Manuel Belmar, atual diretor financeiro e do Globoplay, também surge como um possível rival de Soares na disputa pelo comando da Globo. Caso Belmar assuma o controle, a gestão da emissora poderá tomar um rumo diferente, com foco ainda mais acentuado nas finanças.

Agora, resta saber se Amauri Soares conseguirá consolidar sua liderança na Globo, ou se a disputa interna continuará a trazer mudanças profundas na maior emissora do país.

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