Cresce o número de jovens entre 14 e 24 anos que não estudam, não trabalham nem procuram emprego no Brasil. Se no 1º trimestre de 2023 esse contingente era de 4 milhões, no mesmo período deste ano, alcançou a marca de 5,4 milhões, segundo levantamento realizado pelo Ministério do Trabalho e Emprego (MTE).
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Os dados do ministério foram apresentados nesta quarta-feira, 28, durante evento realizado no Centro de Integração Empresa-Escola – CIEE, ONG de inclusão social e empregabilidade jovem. Segundo Paula Montagner, subsecretária de Estatísticas e Estudos do Trabalho do Ministério do Trabalho e Emprego, o levantamento trouxe alguns pontos de atenção que podem embasar futuras políticas públicas destinadas à educação e à empregabilidade.
Um dos desafios começa na escola. A baixa escolaridade ainda prejudica a inserção dos jovens no mercado de trabalho. A conclusão do ensino médio é fundamental, mas não suficiente, afirma Montagner.
“Todo mundo precisa terminar ao nível médio para conseguir trabalho, mas existe uma dificuldade de chegar ao ensino superior, principalmente para os meninos. Os dados mostram que as meninas estão muito mais no superior do que eles, porque muitos ainda estão sendo a principal renda de casa”, diz. “Isso não quer dizer que os meninos não gostam de estudar, mas que a necessidade do dia a dia os pressiona”.
Outra questão é a informalidade no mercado de trabalho. Cerca de 45% dos jovens ocupados estão na informalidade no Brasil, especialmente no Norte e Nordeste do Brasil, segundo Montagner.
“Lidamos com uma informalidade muito grande no mercado brasileiro. Trabalhados como controle e abastecimento de estoque, escriturário geral, repositor, caixa, recepcionista, são funções informais que pesam praticamente em 90% das ocupações dos jovens”, diz.
Atualmente, o Brasil conta com 34 milhões de jovens entre 14 e 24 anos, sendo 49% mulheres e 60% negros (pretos e pardos).
“Quando eu olho para o recorte da ocupação, 42% são mulheres. Quando eu olho para o recorte de desocupados, volto a ter uma enorme proporção de mulheres, sendo a maioria negra”.
Com base nesse estudo, a subsecretária destaca que o perfil mais excluído do mercado de trabalho é a mulher negra, e reforça que é preciso pensar em políticas públicas para mudar esse cenário.
“A mulher negra é a pessoa que está cuidando em casa dos irmãos menores, dos filhos. Essa é uma situação que enclausura muitas dessas meninas e elas perdem a oportunidade de estar em uma vida social mais ampla. Precisamos trabalhar com este grupo também”, diz. “Para quem não estuda, não trabalha, não procura um trabalho, ou seja, está enclausurado dentro de casa, precisamos dar visibilização para projetos que vão além daquilo que é possível, projetos que olhem para o futuro”.