
Em meio a um cenário de prejuízos e dificuldades internas, os Correios surpreenderam ao anunciar o desembolso de R$4 milhões para se tornar o patrocinador master da turnê do cantor Gilberto Gil. Os shows, que começaram no final de março, acontecem enquanto a estatal enfrenta uma crise financeira significativa, com prejuízos de R$2,2 bilhões acumulados somente neste ano. Além disso, trabalhadores dos Correios denunciam a falta de repasse de valores ao FGTS e estão sendo diretamente impactados por outros problemas, como o descredenciamento do plano de saúde, que suspendeu os atendimentos por falta de pagamento.
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O descontentamento entre os servidores é grande. Eles se sentem desvalorizados e ainda mais frustrados ao ver que, enquanto a empresa enfrenta dificuldades financeiras e ameaças de greve devido a atrasos salariais, os Correios estão dispostos a investir em um patrocínio que coloca sua marca ao lado de empresas como Rolex, em um evento de alto custo.
O preço da diversão
O patrocínio para a turnê de Gilberto Gil, que se soma a outros gastos em nome do marketing institucional, parece mais uma tentativa de reposicionamento de marca do que uma medida de prudência financeira. Para o público, no entanto, a realidade é bem diferente: os ingressos para os shows de Gil chegam a R$1.530, um valor mais alto que o salário mínimo atual de R$1.518. Ou seja, a diversão está fora do alcance de boa parte da população, especialmente a mais carente.
Outros gastos curiosos
Este não é o primeiro gasto significativo dos Correios com eventos de grande porte. Em janeiro deste ano, a empresa também desembolsou R$1,3 milhão para o “Encontro de Novos Prefeitos e Prefeitas em Brasília”, um evento marcado por discursos de Lula e que, mais uma vez, gerou críticas quanto ao uso de dinheiro público em patrocínios questionáveis.
Defesa dos Correios
Em resposta às críticas, os Correios justificaram o investimento no patrocínio da turnê de Gilberto Gil como parte de uma estratégia de reposicionamento de marca, buscando uma maior visibilidade e aproximação com diferentes públicos. A empresa também afirmou que está em tratativas para regularizar a situação do plano de saúde dos servidores, garantindo que os atendimentos sejam retomados o quanto antes.
Em meio a tanta turbulência, resta saber até quando os Correios conseguirão justificar esses investimentos enquanto ainda enfrentam enormes dificuldades internas e problemas com seus funcionários.