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A riqueza global está em ascensão, batendo novos recordes e trazendo uma aura de extravagância ao mercado de luxo. Recentemente, no mês de junho, a consultoria Capgemini divulgou um estudo que revelou detalhes sobre a ascensão da quantidade de milionários pelo mundo. Em 2023, o número de pessoas com fortunas que superam a marca de um milhão de dólares alcançou a incrível cifra de 22,8 milhões, um salto de 5,1% em apenas um ano. Nunca o mundo contou com tantos ricos e fortunas tão elevadas. Mas o que está por trás desse crescimento meteórico?
De acordo com o estudo “World Wealth Report”, feito pela consultoria, uma das principais razões para essa escalada de riqueza é o desempenho das Bolsas de Valores, impulsionado pelas inovações tecnológicas, especialmente no campo da inteligência artificial. De acordo com a Bloomberg, os investimentos em tecnologia tiveram um crescimento de quase 50%, um verdadeiro foguete para as carteiras dos investidores. A sensação é de que estamos vivendo um período em que a inovação tecnológica está moldando novas fortunas e expandindo os horizontes do mercado de luxo.
O levantamento produzido considerou ricos aqueles cujo capital disponível – excluindo a residência habitual – supera um milhão de dólares. E, para essa classe, os números também são impressionantes. O patrimônio total desses indivíduos subiu para US$ 86,8 trilhões, um aumento de 4,7% em relação ao ano anterior. Este é o maior aumento registrado desde que a Capgemini começou a coletar dados, em 1997. É um verdadeiro recorde de riqueza, mostrando que o luxo está em um momento de esplendor sem precedentes.
Os EUA lideram o crescimento de milionários, com um aumento de 7,1% no número de ricos e 7,2% no valor das fortunas, superando a Ásia-Pacífico e a Europa. Esse crescimento também está provocando uma mudança significativa na forma como a riqueza é gerada e transferida. A herança está se tornando a principal fonte de riqueza, ultrapassando o empreendedorismo. Isso está fazendo com que os mais ricos repensem suas estratégias de filantropia, mantendo investimentos e negócios com um olhar ainda mais atento.
Enquanto isso, a demanda por serviços privados e de concierge cresce vertiginosamente, motivada pela ascensão da geração de riqueza e pela busca por experiências exclusivas. Embora as redes sociais estejam se destacando no varejo mundial por meio do social commerce, 70% dos consumidores de luxo preferem não realizar suas compras através de plataformas digitais. É o que aponta pesquisa realizada a cada trimestre pela Saks, cadeia de lojas de departamentos de luxo norte-americana existente desde 1867.
Marc Metrick, CEO da Saks, destaca que a presença digital é uma forma de modernizar a rede e aumentar sua consideração no mercado, sendo que a internet serve mais como uma fonte de inspiração do que como um canal de compras. De acordo com ele, o luxo sempre precisará de uma manifestação física que represente a essência das marcas, permitindo que as pessoas realmente compreendam e vivenciem o produto. Para ele, a compra de itens de luxo em lojas físicas segue sendo fundamental.
Também Philippe Schaus, CEO da Moët Hennessy, prefere ver o Instagram e outras redes sociais como veículos visuais para engajar o público. A lendária companhia de bebidas passou por um boom de vendas on-line durante a pandemia, mas agora estabelece uma importante ponderação entre o consumo dentro e fora do ambiente virtual, por reconhecer que a abertura massiva não é ideal. Em um momento em que os clientes estão cada vez mais seletivos, a marca busca um equilíbrio “entre modernidade e tradição, entre o artesanal e a inovação” – uma tarefa especialmente desafiadora para quem tem produtos com séculos de história. O grande desafio é saber como manter a exclusividade, um ativo vital para o mercado de alto luxo, em todos os tipos de plataformas que são acessíveis a todos – incluindo até mesmo espaços físicos, como lojas de bebidas.
Entre as estratégias adotadas por ambas estão a escassez de produtos e distribuição limitada, táticas que tornam os itens mais difíceis de serem adquiridos, lapidando a aura de raridade e desejo. Além disso, revelam que investem cada vez mais em projetos para elevar a categoria e a percepção de seus produtos, a exemplo de estratégias bem-sucedidas adotadas por marcas de moda e beleza. Assim como as experiências adicionam valor ao produto final, Schaus destaca que saber comunicar o que está por trás do preço é a maneira assertiva de manter o cliente informado sobre o que está comprando. No fim das contas, toda a magia do luxo reside e prospera na experiência tangível e na capacidade de saber se conectar com as pessoas – da forma mais próxima quanto possível.