Após duas cirurgias, Lula pode deixar UTI ainda nesta sexta-feira

data 13 de dezembro de 2024

A equipe médica explicou que Lula também teria apresentado um quadro gripal quando começou a ter os sintomas de sangramento na região do cérebro na segunda-feira. “Ele estava num estado gripal e até sonolento, e a doutora Ana que foi atendê-lo no Palácio”, afirma Kalil

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) passou por um procedimento endovascular na manhã desta quinta-feira, 12, no Hospital Sírio Libanês, em São Paulo, para complementar a cirurgia na cabeça realizada no começo da semana. Segundo a equipe médica, o chefe do Executivo está bem, com quadro “superestável”. A previsão é de que ele deixe a UTI nesta sexta-feira, 13, e receba alta no início da próxima semana.

“A evolução foi muito boa e nos dois dias subsequentes da cirurgia foi discutido esse procedimento complementar. O procedimento foi feito hoje às 7h, foi um sucesso. É um complemento ao procedimento cirúrgico e o presidente está acordado, está comendo, superestável. Não atrasou nenhum pouco a programação dos próximos dias, porque dependendo da evolução do presidente, deverá ter alta no começo da semana”, diz o Dr. Roberto Kalil Filho, em entrevista coletiva nesta quinta-feira.

O procedimento a que Lula foi submetido hoje é chamado de embolização de artéria meníngea média. Por meio de um cateter, é injetada uma substância para parar o sangramento. “O que importa é acabar com o sangue que chega perto do hematoma. O que a gente injeta é como se fosse uma gelatina, umas partículas, na verdade, que entopem esse vaso. Os cateteres são fininhos e o procedimento é relativamente simples”, reforça o médico neurorradiologista José Guilherme Caldas.

A equipe médica explicou que Lula também teria apresentado um quadro gripal quando começou a ter os sintomas de sangramento na região do cérebro na segunda-feira. “Ele estava num estado gripal e até sonolento, e a doutora Ana que foi atendê-lo no Palácio”, afirma Kalil.

Segundo a médica Ana Helena Germoglio, os exames apontaram para um quadro viral, uma vez que o presidente teve até febre, mas não foi possível identificar qual o vírus. “Nem todos a gente consegue identificar de forma pronta, mas os exames já se normalizaram. Não há mais sinal sugestivo de doença viral, mas pode ter sido uma concomitância de fatores que podem ter precipitado esse quadro inflamatório que chegou na hemorragia”, aponta a profissional.

O médico Rogério Tuma, que também integra a equipe, explica que o tratamento para o sangramento já havia sido realizado no começo da semana, quando Lula passou pela cirurgia e o sangue foi drenado. O procedimento desta quinta-feira, por sua vez, é preventivo, para reduzir a chance de ocorrer um novo possível sangramento no cérebro. 

“Essa coleção [sangramento] tem uma cápsula, uma membrana que se forma do processo inflamatório e é feita também pelas folhas da meninge. Então, com a drenagem ele está tratado. O procedimento foi em caráter preventivo, para que essa coleção não aconteça novamente. Como já tinha sido absorvida, e aí nos últimos dias ela cresceu e por isso nós fizemos a drenagem, agora, a gente considerou como uma recorrência da coleção, então foi feito preventivamente a embolização da artéria que nutre os vasos dessa cápsula. Tirando essa nutrição de sangue, diminui muito o risco do hematoma refazer”, ressalta. 

Ainda segundo o especialista, com o passar dos dias, o risco diminui ainda mais. Nesta quinta, Lula apresenta menos de 5% de chances de ter um novo sangramento na região do cérebro. “Então, há uma probabilidade agora de se refazer bem menor. O outro lado ele tinha um hematoma que tinha sido absorvido já, e aparentemente, todas as folhas da meninge estão cicatrizadas e a chance de se refazer é praticamente nula”, comenta Tuma.

O médico Marcos Stavale complementa apontando que Lula estava se recuperando do sangramento devido a sua queda, e o coágulo estava diminuindo, mas, inesperadamente, ocorreu um novo sangramento, e por isso, foi necessária a cirurgia e o procedimento desta quinta.

“Bloqueou a circulação para o lugar onde ele sangrou. Agora temos segurança máxima. O risco de ele ter um novo sangramento é de estatisticamente desprezível. É que a gente tem que ter os cuidados normais. Ele está neurologicamente perfeito, está ótimo, conversando.”

A hemorragia intracraniana não é atribuída ao estresse, conforme explicado pela equipe médica.

Previsão de alta

O chefe de Estado seguirá recebendo visitas somente de familiares, por ordens médicas. O presidente está acompanhado da primeira-dama Janja Lula da Silva.

A equipe médica afirmou que o novo procedimento não interfere na previsão de alta do presidente. A expectativa, caso o quadro evolua bem, é que Lula receba alta na segunda ou terça-feira que vem e possa retornar para Brasília.

“Obviamente, depois no Palácio, ele poderá seguir uma agenda de despacho, a gente não vê problema algum em relação a isso. O que se espera é que no início da semana o presidente esteja no Alvorada. Claro que vai se requerer um repouso relativo por algumas semanas talvez. Ele vai retomando aos poucos a sua atividade normal”, esclarece Kalil.

Lula também deverá ter alguns cuidados, como em qualquer outra recuperação. Kalil explica que o presidente faz atividades físicas regularmente, e isso será postergado por algum tempo. 

Nesta quinta, Lula segue monitorado na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) e o dreno deve ser retirado ainda no fim da tarde. A expectativa é de que ele receba alta da monitorização contínua, portanto da UTI, na sexta-feira, 13. 

De acordo com Kalil, o presidente segue “sereno” e seguindo ordens médicas e de tratamento, como sempre manteve. 

Fonte: Terra

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