O Brasil é o país que mais realiza cirurgias plásticas no mundo, batendo a marca de 1,5 milhão de cirurgias ao ano. No entanto, apesar da evolução no mercado e da relativa segurança na execução dos procedimentos, é importante lembrar que toda cirurgia oferece riscos e, por isso, a escolha de um bom profissional e de um local adequado para o procedimento devem ser feitas com cautela.
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Conversamos com Rodrigo Agacy e aqui ele dá algumas dicas para não errar e se tornar uma vítima da vaidade. Formado em medicina pela UFPR e com especialização em cirurgia geral e cirurgia plástica (quatro anos) pelo Serviço de Cirurgia Plástica Osvaldo Cruz, ele atua há 18 anos na área e é membro da Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica.
Revista Nossa: Segundo a Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica (SBCP), o número de cirurgias no Brasil está aumentando anualmente de maneira considerável. Em sua opinião, a que fator se deve esse aumento?
Rodrigo Agacy: As mulheres costumam ser muito ligadas à beleza, especialmente em um país como o Brasil, de clima ameno e quente, o que acaba favorecendo a exposição do corpo. De uns anos pra cá a quantidade de cirurgiões plásticos também cresceu bastante, facilitando o acesso a esses profissionais. Outro fenômeno são as demais especialidades que fazem procedimentos análogos e que também acabam aumentando o acesso de pacientes às cirurgias ditas estéticas.
RN: Qual o primeiro passo que o/a paciente precisa dar para iniciar o processo de avaliação para uma cirurgia plástica?
Agacy: A primeira coisa é a escolha do profissional. Deve-se verificar se tem um histórico de bons resultados, onde opera e se a estrutura que ele oferece é adequada para o procedimento que a pessoa está pensando em fazer.
RN: De que forma realizar a escolha desse profissional? Quais os critérios fundamentais a serem observados pelo paciente?
Agacy: Hoje em dia existe o acesso fácil à informação e o primeiro passo é ir no site da Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica e ver se o médico realmente é cirurgião plástico ou só se intitula como tal. O médico cirurgião tem registro nesse site. Junto ao CRM também existe o número do registro da especialidade, que é o RQE. Sempre que divulga uma especialidade, deve ser divulgado em conjunto esse registro profissional.
RN: Quais os principais riscos ao se submeter a uma cirurgia plástica?
Agacy: A cirurgia plástica, assim como todas as outras, não é isenta de riscos, mas esses precisam ser minimizados. Isso é possível fazendo um bom pré-operatório e evitando grandes associações cirúrgicas. Desse modo, cirurgias mais longas levam um risco maior ao paciente e uma cirurgia com duração de quatro a cinco horas precisa de um suporte maior para que ele se sinta amparado em caso de alguma intercorrência. O auxílio de um bom anestesista é importante em casos de cirurgias grandes também.
RN: Além do fator estético, há também as cirurgias reparadoras, qual a importância desse tipo de procedimento para a autoestima e qualidade de vida dos pacientes?
Agacy: Existe um conflito nessa divisão entre cirurgia estética e reparadora. Nem toda cirurgia é meramente estética. Normalmente ela está reparando alguma queixa da paciente, então ela tem um fundo reparador. Não é possível fazer uma distinção bem precisa, haja vista que uma cirurgia reparadora também visa uma melhora estética na paciente, então são conceitos que se entrelaçam. No caso de paciente que vai se submeter a uma retirada de mama por um câncer, o fato de fazer uma reconstrução mamária devolve a autoestima da mulher. Outra situação é de uma paciente que foi queimada ou sofreu um acidente e ficou com uma cicatriz. Todas as cirurgias reparadoras tem como objetivo lá na frente reintegrar essa paciente ao convívio social e, melhorar a parte estética. No frigir dos ovos, são conceitos que se confundem.
RN: Hoje em dia existe uma série de procedimentos estéticos que prometem resultados sem cortes e com recuperação rápida. Como você avalia esse avanço do mercado estético?
Agacy: Sempre que um procedimento promete muita coisa devemos ficar atentos. O “canto da sereia” seduz. É claro que existe um avanço tremendo no tratamento não cirúrgico da pele, mas existem situações em que a cirurgia não é substituída por um procedimento estético. Então, eu veria sempre isso com bons olhos, porém com uma certa cautela para que a gente não deposite todas as fichas em um tratamento que promete muito. Nada é tão fácil. Para tudo existe um limite – tanto nas cirurgias plásticas quantos nos procedimentos estéticos – e acho que é um mercado bem separado e equilibrado.
RN: Li algumas entrevistas falando sobre medicina estética e o fato de que ela não é uma especialidade. O que você pensa a respeito das pessoas que utilizam esse título e que perigos elas oferecem para quem busca por tratamento?
Agacy: Está bem definido junto ao CRM quais são as áreas de atuação das especialidades. Então, toda vez que tiver alguma coisa muito estranha, muita novidade, vale a pena consultar o site do CRM e da Associação Médica Brasileira (AMB) para ver se essa especialidade de fato existe. Caso contrário, você acaba comprando gato por lebre. Fora o que está escrito lá, não é uma coisa oficialmente aceita.