Faltando poucas semanas para o início de mais um Festival de Cinema de Jaraguá do Sul, a expectativa da comissão organizadora é grande. Afinal, esta edição será a maior de todas. Além da exibição e premiação de filmes que ocorre desde a sua origem, neste ano o evento traz workshops, bate-papos e uma série de atividades paralelas que promoverão uma verdadeira imersão no universo audiovisual. “Mais uma vez iremos proporcionar ao público o contato com a produção independente que, aliada à presença desses convidados, ajudará a fomentar futuros realizadores na cidade”, projeta Isaac Huna, idealizador do evento. Os esforços vêm de encontro a um objetivo maior, que é fazer com que o público passe de mero espectador para produtor, e a cidade se torne um novo polo cinematográfico fora do eixo Rio-São Paulo.
A sétima edição ocorre novamente, no formato híbrido, consolidando o sucesso do ano passado, e pela primeira vez contou com aporte financeiro graças ao Prêmio Catarinense de Cinema – Edição Especial Lei Paulo Gustavo/2023, com recursos na ordem de R$ 600 mil para a organização e promoção do festival. Ao seu lado nessa empreitada, Isaac contou mais uma vez com o auxílio e experiência de Omar e Marli forte, do Centro de Artes Integradas (CAI) – responsáveis pela elaboração conjunta do projeto para o edital –, além de Marcel Soares, Maira Pereira e Daniel Maffezzolli.
E se antes o Festival de Cinema de Jaraguá do Sul contava com ajuda exclusivamente voluntária, dessa vez pode investir em algo diferente, trazendo mais conteúdo para aqueles que se interessam pela sétima arte. Marli Forte conta que o projeto foi inscrito no edital ano passado e acabou ficando como quarto suplente, beneficiando-se da sobra de recursos. “Quando recebemos a notícia foi uma corrida contra o tempo, pois esse valor tinha, necessariamente, que ser usado nesta edição”, lembra ela. O fato de terem as ideias consolidadas e um planejamento e marketing bem organizados foi determinante para que o resultado fosse alcançado.
Em 2024, mais de 150 inscrições para a mostra competitiva foram validadas e 67 filmes selecionados para concorrer às 22 premiações e quatro menções honrosas que estão em jogo. Maira Pereira, que faz parte da comissão organizadora e também é uma das apresentadoras e jurada desta edição, conta que tem muita coisa boa sendo produzida pelo país. Neste ano, o festival recebeu trabalhos dos Estados do Sul, do Rio de Janeiro e São Paulo – como não poderia deixar de ser –, e de algumas regiões do Nordeste, mas todos competem em pé de igualdade, ainda que o eixo cinematográfico do Sudeste seja reconhecido por sua relevância e forte presença de profissionais da sétima arte.
Há produções filmadas com equipamentos de ponta e grandes recursos, enquanto outras foram gravadas com um aparelho celular, para ficar em um exemplo simples de como todos podem experimentar.
E se a tecnologia não é determinante, o roteiro tem papel fundamental nas produções. “Ao longo desses anos, notamos uma grande evolução na parte técnica, mas o Brasil ainda carece de bons roteiristas e iremos bater nessa tecla na edição 2024”, reforça Marcel Soares. Com os recursos garantidos, nomes de referência como Betinha Ganymedez (SP), Lucas Araújo (SP), Lallo Bocchino (SC), Tainan Damasceno (SP) e Mauricio Mascarenhas (SP) farão workshops com dicas valiosíssimas para quem deseja aprender mais sobre audiovisual. Ao todo serão 20 vagas em cada um e as inscrições, assim como todo o restante da programação, são gratuitas.
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Esforços no sentido de facilitar o consumo da cultura do cinema na região
Outra questão que ainda pega os produtores independentes é a distribuição dos filmes, a forma como serão colocados no mercado e irão chegar ao público final, que é o que de fato interessa a todos que entram nesse ramo. Isaac salienta que os streamings e novas escolas de cinema para além de Hollywood têm aberto um mercado promissor, com novas formas narrativas crescendo especialmente na Índia e Nigéria, o que leva a essa quebra de paradigma e monopólio.
“O objetivo é o consumo da cultura do cinema na região, de maneira mais amplia e completa”, comenta Daniel sobre a dificuldade que as pessoas encontram para consumir cultura cinematográfica na região. Até por isso, desde a sua concepção e origem, o Festival de Cinema de Jaraguá do Sul não se limita. Estão inscritos vídeos nos formatos curta, média e longa-metragem, além de videoclipes com a temática livre e tempo ilimitado. Isaac conta que outros festivais costumam impor regras especialmente na duração dos filmes, mas aqui a ideia sempre foi abrir espaço para todos e permitir a vazão completa da criatividade.
Com público esperado ultrapassando duas mil pessoas – mencionando somente as atividades presenciais –, mais os espectadores de todo o país e do mundo que irão conferir as atrações pelo canal do festival no YouTube, o evento traz ainda uma programação paralela que inclui música, teatro, contação de história e sessões cinematográficas especiais para crianças, para que cresçam já imersas neste cenário.
Festival de Cinema de Jaraguá do Sul forma talentos para o mundo
O jaraguaense Bruno Rangel ainda era adolescente quando se apaixonou por cinema. Um dos primeiros premiados pela iniciativa, ele fez questão de dar o seu depoimento:
“Meu primeiro contato foi no final de 2017, quando descobri que iriam realizar a primeira edição de um festival de cinema na minha cidade. Na época, eu já havia decidido que iria fazer faculdade de cinema, porém ainda estava finalizando o último ano do ensino médio.
No começo pensei em não participar, já que meu único contato com cinema tinha sido nos trabalhos de escola e nos incessantes experimentos que eu fazia com a câmera digital que havia ganhado do meu avô. Foi só quando faltavam apenas dois meses para finalizar o período de inscrições que decidi produzir um filme – o meu primeiro por sinal – para participar do festival.
Finalizei o filme e me inscrevi no festival na última semana de inscrições. E para minha surpresa, o meu filme foi selecionado para participar da competição oficial e tive a felicidade de receber o meu primeiro prêmio: Menção Honrosa, que me concederam pela determinação de ter realizado um filme independente com apenas 17 anos”.
Bruno conta que seu primeiro filme não estava nem perto de ser perfeito, mas foi por causa das suas imperfeições que se motivou cada vez mais a estudar e melhorar. “Se hoje sou o profissional que sou, é porque não tive medo de tentar. E se lá atrás, em 2017, eu não tivesse tentado, muito provavelmente não estaria aqui hoje”, valoriza.
Um olhar para o futuro
Antes mesmo da 7ª edição ser apresentada ao público, a comissão organizadora já está de olho em 2025 e um novo projeto vem sendo elaborado no intuito de garantir recursos através de projetos culturais. Agora, o CAI tem a missão de colocar o evento entre os dois únicos contemplados no Estado na categoria festivais através do Programa de Incentivo à Cultura (PIC). Aqui, é preciso captar recursos junto às empresas através da destinação de parte do Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS). Um desafio um pouco maior, mas que não intimida o obstinado e idealista Isaac, que garante seguir em frente com ou sem recursos.
Lógico que com dinheiro no bolso é possível ir mais longe e agregar cada vez mais atrações, promovendo um verdadeiro burburinho na cidade, com atrações relacionadas ao festival ocorrendo em praças, shopping e demais espaços públicos da cidade, numa iniciativa que ainda vem sendo estudada para a edição 2024. Então, preparem-se para surpresas e para dias de muita efervescência cultural no mês de outubro.
“Com isso, a ideia é fomentar cada vez mais o potencial turístico da região, criando roteiros para que os visitantes possam conhecer a cidade durante sua estada e enxergando a arte como atividade econômica”, comenta Isaac, sem descartar a possibilidade de cobrar ingressos em futuras edições no intuito de incrementar o festival e reter talentos em nossa cidade, já que atualmente os produtores buscam os grandes centros para seguir na profissão.
Confira a programação de workshops e bate-papos
Workshops:
1 – Produção de filmes: planejamento, logística, produção, orçamentos, etc.
Betinha Ganymedez (SP): Desde 1980 é diretora de produção em produtoras nacionais como Conspiração Filmes, Mixer.: filmes, publicidade, e planejamento comercial e orçamentário. Alguns trabalhos: Feliz Ano Velho, Globo Report, Pixote.
Data: 7/10.
2 – Roteiro, estrutura e proposta
Lucas Araujo (SP): professor, diretor de cena e roteirista. Em mais de uma década, desenvolveu mais de 10 programas de TV, peças de teatro e musicais. Atua também como produtor de séries, longas e curtas, webséries, publicidade, etc.
Data: 8/10.
3 – Direção em documentário: roteiro, planejamento, produção, etc.
Lallo Bocchino (SC): jornalista e diretor e documentarista desde 2003 em várias linguagens, como documentários, curta metragens, videoclipes e instalações. Trabalhou com produtoras de Itajaí, como Tac Filmes, Setcom e Rockset. Em 2011 foi professor da Univali Itajaí e ministrante de oficinas e workshops. Como diretor de produção fez trabalhos para o History Channel, ESPN, Globo, Futura, SBT/SC e RBS (atual NSC).
Data: 9/10.
4 – Maquiagem cinematográfica com efeitos especiais – Natural, realista, artística, etc.
Tainan Damasceno (SP): formação pela Universidade Anhembi Morumbi em Cosmetologia com habilitação em maquiagem profissional. Trabalhou com maquiagem artística e adereços em parques de diversão como Hopi Hari e Dreamland.
Lais Bargon (SP): produtora de eventos na caracterização de personagens para variadas linguagens cênicas, com ênfase no terror. Maquiadora artística e de efeitos especiais no horror do Museu Dreamland, Hopi Hari, Tivoli Park, entre outros.
Data: 10/10.
5 – Preparação de atores: sua identidade. O ator dentro do ator
Mauricio Mascarenhas (SP): ator, diretor, preparador de elenco e produtor de audiovisual. Professor do curso “Interpretação para séries de TV e cinema” (Escola Artes Cênicas, de Santos – SP), e Direção de atores, criando possibilidades (faculdade de Belas Artes – São Paulo) entre outras atividades.
Data: 11/10.
Bate- papos
1 – Negócios inovadores: estratégico e comercial nas mídias on-line, publicidade e TV
Glauce Gonçalez (SP): atua há mais de 20 anos na comunicação, inovação e comunicação estratégica no mercado publicitário, Mídia On/Off, Programmatic TV, performance, geração de lead, revista e eventos. Atual executiva de negócios na Band.
Mediador: Thiago Barba – ator, produtor e diretor (Jaraguá do Sul).
2 – Os caminhos da produção de conteúdo independente e corporativo
Fábio Brandão (RJ): começou a carreira como repórter cinematográfico na divisão de esportes da Globo. Atua no cinema independente há mais de 10 anos e atualmente é diretor de programas nos Estúdios Globo. Atua em realities shows como “BBB” e “Estrela da Casa” em festivais de música como Rock In Rio e The Town.
Mediador: Carlos Schroeder – Escritor, produtor e roteirista (Jaraguá do Sul).
3 – Os parques e entretenimento no audiovisual: seu potencial no show business
Juan Espeche (SP): formado em administração de empresas. Trabalhou na criação, implantação e administração de diversas atrações temáticas em parques de diversões do Brasil e do exterior, como Playcenter SP, com o “Castelo dos Horrores” e “Noites do Terror”; Hopi Hari SP, com “Katakumb”; Beto Carrero World; Espanha; EEU; Argentina, entre outras. Participação na IAAPA (International Association of Amusement Parks and Attractions) e ADIBRA (Associação de Parques de Diversões do Brasil), nesta última tendo ocupado o cargo de vice-presidente.
Mediador: Thiago Mothci Sarmanho – Secretário Municipal de Desenvolvimento Econômico e Inovação – (Sedein).
4 – A realidade da produção independente em SC
Alexandre Mendonça (SC): jornalista, repórter/apresentador e consultor em comunicação. Foi repórter da RBS TV, Via Brasil da Globonews e diretor de externas do SBT (SP) e em programas do apresentador Sílvio Santos. Atualmente é apresentador e repórter da NDTV Record TV, palestrante e consultor na área de comunicação.
Mediador: Gilmar Moretti – Documentarista, produtor e diretor (Jaraguá do Sul).
5 – O mecanismo do trabalho executivo e distribuição independente do audiovisual no mercado
Bia Ambrogi (SP): produtora executiva formada em Comunicação Social pela ESPM. Atua há mais de 20 anos em produção e pós-produção audiovisual, com passagens pelas empresas Teleimage e Estúdios Mega. Assina a supervisão de pós-produção de grandes produções nacionais, como “Tropa de Elite” e “Dois Filhos de Francisco”. Fundadora da uPmix Estúdios e premiada com Leão de Ouro no Festival de Cannes com o filme “Coke Thrist – Sound Experience”. Realizou a produção executiva de som para séries dos principais players do mercado, como Netflix, HBO, Discovery, Cartoon Networks, Rede Globo, etc. Atualmente é a CEO, idealizadora e sócia fundadora da InnSaei.TV, plataforma de streaming da produtora InnSaei.
Mediador: Paulo Almuas – ator, diretor e produtor (Jaraguá do Sul).
A apresentadora oficial será Renata Boldrini
Jornalista, apresentadora e redatora, possui cursos e graduações em História da Arte, TV e Cinema. Tem experiência de mais de 15 anos na cobertura dos maiores festivais e eventos de cinema do Brasil e do mundo, como Cannes, Veneza, Toronto, Nova York e Paris. A jornalista já entrevistou com exclusividade astros como Brad Pitt, George Clooney, Tom Cruise, Angelina Jolie, Cate Blanchett, Quentin Tarantino, Woody Allen, entre outros. Renata apresenta e é editora do programa semanal de cinema “Preview”, no canal a cabo Telecine; comanda o programa diário “Que Tal Um Cineminha?”, na Rádio Globo FM; dá dicas de cinema nas plataformas da Ingresso.com e no Flix Channel; além de dirigir sua empresa de conteúdo, a Contente Entretenimento.
Serviço
Local: Teatro SCAR (R. Jorge Czerniewicz, 160 – Jaraguá do Sul – SC).
Contato: fest.cinemajaraguadsul@gmail.com
@festivalcinemadejaragua | www.festivalcinejds.com.br
Whats: (11) 99838-2468 | CAI : (47) 98458-2730
A programação completa com todos os filmes exibidos e demais atividades você encontra acessando o site da Revista Nossa e do festival.